Romário consegue assinaturas para instaurar CPI da CBF

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O senador Romário conseguiu nesta quarta-feira 40 assinaturas para tentar instaurar uma CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) para investigar as denúncias de corrupção na CBF (Confederação Brasileira de Futebol).

“A CPI da CBF tem a intenção de investigar a CBF e o COL da Copa 2014. Vamos investigar os contratos irregulares para a realização de partidas da seleção brasileira e outros campeonatos. Não podemos mais esperar para instalar a CPI. Este é o momento e temos chances de ter colaboração de outros países”, escreveu o senador, em sua conta no Twitter.

Como Romário precisava apenas de 27 assinaturas, depende agora apenas da aprovação do presidente do Senado, Renan Calheiros, para dar início à Comissão.

O pedido de CPI foi motivado pelaoperação conjunta do FBI e da polícia suíça que prendeu sete dirigentes em Zurique, nesta quarta-feira, por acusações de corrupção, propina e enriquecimento ilícito por meio do futebol. Entre os detidos, destaque para José Maria Marin, ex-presidente da CBF.

Mais cedo, Romário havia parabenizado o FBI pela operação e pedido que Marco Polo Del Nero, atual mandatário da entidade máxima do futebol brasileiro, deixasse o cargo.

“Muitos corruptos e ladrões foram presos na Suíça, inclusive um dos maiores: José Maria Marin. Quero parabenizar o FBI. Essa prisão é o início de um grande futuro para o futebol”, discursou.

Veja o fluxograma do crime no futebol segundo FBI© ESPN.com.br Veja o fluxograma do crime no futebol segundo FBI
“Espero que a investigação que repercuta definitivamente limpar o futebol desses corruptos, como Marco Polo Del Nero. A situação do futebol brasileiro é culpa dessas pessoas, que não estão nem um pouco interessadas em ajudar. Só pensam no dinheiro”, completou.

Del Nero, porém, não foi citado em nenhuma investigação até agora. Ele se pronunciou sobre o caso, defendendo José Maria Marín, seu aliado, e colocando a culpa nos contratos suspeitos da Copa do Mundo de 2014, que estão sendo investigados pelo Departamento de Justiça dos Estados Unidos, em Ricardo Teixeira, ex-mandatário da CBF.

“São contratos firmados antes da administração do Marín, não tem nada firmado após. Eu conheço esses contratos”, disse Del Nero.

Em nota, a CBF disse que apoia as investigações.

Até Zezé Perrella ajuda

Na busca por apoio, o ex-jogador da seleção brasileira contou com o apoio de Zezé Perrella, ex-presidente do Cruzeiro, que também é senador.

Uma mudança enorme de postura, já que, Perrella foi contra a criação de uma CPI da CBF no Senado em 2013 e agiu para convencer colegas a retirar assinaturas do requerimento, proposto pelo ex-senador Mário Couto (PSDB-PA).

Desta vez, contudo, o mineiro entende que as circunstâncias são diferentes.

“Eu fui contra a CPI na época da Copa do Mundo porque achava que não tínhamos fato relevante que a justificasse. Hoje, existe ex-dirigente da CBF preso por corrupção. Pela gravidade da situação, nós temos a obrigação neste momento de fazer uma CPI nesta Casa”, explicou.

Em 2014, o senador Randolfe Rodrigues também tentou levar adiante a criação de uma CPI para investigar as autoridades do futebol brasileiro, mas não teve sucesso.

Entenda o caso

A dois dias da eleição para a presidência, um terremoto sacode a Fifa. Na madrugada desta quarta-feira, horário brasileiro, uma operação especial das autoridades suíças, sob liderança do FBI, prendeu sete executivos importantes da entidade sob a acusação de corrupção, entre eles José Maria Marin, ex-presidente da CBF. O grupo dos detidos será extraditado para os Estados Unidos a fim de uma maior investigação sobre o assunto na federação mais importante do futebol mundial.

Segundo nota oficial do Departamento de Justiça norte-americano, 14 réus são acusados de extorsão, fraude e conspiração para lavagem de dinheiro, entre outros delitos, em um “esquema de 24 anos para enriquecer através da corrupção no futebol”. Sete deles foram presos na Suíça. Além de Marin, Jeffrey Webb, Eduardo Li, Julio Rocha, Costas Takkas, Eugenio Figueredo e Rafael Esquivel. Um mandado de busca também será executado na sede da Concacaf, em Miami, nos EUA.

O brasileiro J.Hawilla, dono da Traffic, conhecida empresa de marketing esportivo, é um dos réus que se declararam culpados, assim como duas empresas de seu grupo, a Traffic Sports International Inc. and Traffic Sports USA Inc. Em dezembro de 2014, segundo a justiça dos EUA, ele concordou em pagar mais de 151 milhões de dólares, sendo que US$ 25 mi foram pagos na ocasião. As acusações são de extorsão, fraude eletrônica, lavagem de dinheiro e obstrução de justiça.

Além de Hawilla, também se declararam culpados o norte-americano Charles Blazer, ex-secretário-geral da Concacaf e ex-representante dos EUA no Comitê Executivo da Fifa; Daryan e Daryll Warner, filhos do ex-presidente da Fifa Jack Warner.

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