Proveniente do crime organizado, os R$ 3,2 milhões apreendidos pela Polícia Civil em Canarana, município distante 823 km da capital, Cuiabá, serão revertidos em investimentos na Segurança Pública do Estado de Mato Grosso. É que o juíz Alexandre Meinberg Ceroy deferiu o pedido de sequestro do recurso feito pelo Ministério Público do Estado (MPE), após a prisão de José Silvan de Melo, 41, acusado de tentar subornar os policiais da cidade com o oferecimento de R$ 500 mil no último domingo (5). O anúncio da destinação da quantia milionária foi feito nesta sexta-feira (10), por autoridades policiais, membros do MPE e pelo Executivo.
Na ocasião, o secretário de Segurança, Mauro Zaque, afirmou que o Estado “não vai se curvar diante de nenhuma organização criminosa” e que “não aceita intimidações e ameaças”. Segundo ele, a inteligência da Polícia identificou que a organização criminosa, que estava com o dinheiro sem origem comprovada, fez movimentações no sentido de “constranger os policiais e o delegado”. Durante a entrevista coletiva, o Estado garantiu segurança ao delegado João Biffe Júnior. “Não adianta ameaçar, mandar recado. O Estado não vai se intimidar e nós damos todo o apoio às forças policiais”, afirmou Zaque.
Com os R$ 3,2 milhões o governo estuda a aquisição de materiais de trabalho para as polícias civil e militar, como fuzis, submetralhadoras, pistolas, coletes à prova de bala, veículos e, inclusive, uma reforma na delegacia de Canarana.
Chefe do Ministério Público, o procurador Paulo Prado parabenizou a ação integrada entre a instituição que representa e a Polícia Civil. No discurso, rechaçou conflitos anteriores, sem especificá-los. “Isso é resultado de um trabalho conjunto, para mostrar que estamos unidos e o discurso que motivava a desunião é coisa do passado”. Há dois anos, membros das duas instituições trocaram críticas na imprensa quanto aos procedimentos da Operação Aprendiz e se divergiam quanto a PEC 37. A rixa, ao que tudo indica, parece ter sido sanada. Tanto que, no início do governo, Pedro Taques (PDT) indicou dois delegados da Polícia Civil para compor o Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaego), do MPE.
O próprio Taques, por sua vez, reafirmou compromisso com a Segurança Pública, lembrando metas de interiorização e integralização da Polícia Civil. O governador também assegurou aplicação de 100% do dinheiro apreendido na pasta de Zaque, a quem pediu celeridade na aquisição dos equipamentos.