Acusado de tráfico ofereceu R$ 500 mil para não ser preso;
Polícia apreendeu R$ 3,2 milhões
Um vídeo feito pelo delegado da Polícia Civil de Canarana
(823 km a Nordeste de Cuiabá), João Biffe Júnior, mostra o exato momento em que
José Silvan de Melo, de 41 anos, acusado de tráfico de drogas, tenta suborná-lo
com R$ 500 mil para não ser preso, após ter sido pego em flagrante com R$ 3,2
milhões escondidos na carroceria de seu carro.
O dinheiro, cuja origem não foi comprovada, foi apreendido
no último domingo (5). Melo, que é conhecido pela alcunha de “Abençoado”, já é
investigado pelo Departamento de Repressão ao Narcotráfico (Denarc) de Recife
(PE), por tráfico internacional de drogas.
Ao ser detido, ele teria conversado com os investigadores e
oferecido propina a eles. Depois, na delegacia, ele ofereceu R$ 500 mil a
Biffe, para que o caso fosse “esquecido” e ele não mais retornasse à prisão –
ele já havia sido preso em Recife em 2014, com R$ 940 mil, dos quais ofereceu
R$ 200 mil para não ser preso.
“Aqui o senhor está me oferecendo meio milhão. Então,
você está preso por corrupção ativa e lavagem de capitais” No vídeo, Melo
pede para que o delegado o “ajude”, porque ele não queria mais ser preso e
afirma ter oferecido R$ 500 mil aos policiais responsáveis por conduzi-lo até a
delegacia.
Confira o trecho da conversa:
Delegado – Tu ofereceu quanto?
Melo – Uns R$ 500 mil
Delegado – R$ 500 mil para os três?
Melo – É.. o senhor vê aí, né, se dá.
“Ficou dizendo que está sendo perseguido pela Polícia,
que tinha farinha, bacalhau, castanha e capim na carroceria da sua caminhonete.
Aí, quando eu tiro a carga da sua caminhonete, eu encontro R$ 3,2 milhões”
Delegado – Então, R$ 500 mil tu “tá” disposto a pagar?
Delegado – José, vou te falar uma coisa: você percebeu que
não adiantava muito oferecer. Quando você foi preso no Recife, você lembra o
que você fez? Lá, você ofereceu R$ 200 mil aos policiais. Aqui o senhor está me
oferecendo meio milhão. Então, você está preso por corrupção ativa e lavagem de
capitais.
Flagrante
O dinheiro, segundo a Polícia Civil, foi encontrado em três
sacos escondidos na carroceria da caminhonete Hilux, dirigida por José Silvan
Melo, embaixo de esterco, cerâmicas, madeiras e alimentos.
No vídeo, o delegado afirma querer saber a origem do
dinheiro, uma vez que o suspeito teria repetido, reiteradas vezes, ser um
“cidadão de bem, que possui direitos”.
“Que evangélico, cidadão honesto, vem transportando R$ 3,2
milhões na caçamba da caminhonete? Você não está sendo honesto comigo desde o
momento em que a gente te abordou. Todo melindrado, todo cheio de direitos.
Ficou dizendo que está sendo perseguido pela Polícia, que tinha farinha,
bacalhau, castanha e capim na carroceria da sua caminhonete. Aí, quando eu tiro
a carga da sua caminhonete, eu encontro R$ 3,2 milhões”, afirmou o delegado.
Por não apresentar qualquer documentação da origem do
dinheiro, Melo teve o valor apreendido e depositado em uma conta da Justiça,
vinculada ao auto de prisão em flagrante.
O vídeo que comprova a tentativa de suborno, por sua vez,
será juntado ao inquérito policial.
Investigação
Há meses, o acusado era monitorado pela Polícia Civil, por
suspeita de envolvimento com o tráfico de drogas.
Durante as investigações, os policiais contataram que era de
costume José Silvan chegar em Canarana, geralmente, no final da tarde,
permanecendo hospedado no Hotel Tangará até o anoitecer, quando então deixava a
cidade.
No domingo (5), a Polícia Civil recebeu informação de que
ele estava novamente na cidade. Em diligências, a Polícia o localizou nas
imediações do hotel, conduzindo a Toyota Hilux ano e modelo 2015.
O delegado João Biffe pediu a conversão da prisão em
flagrante em prisão preventiva do suspeito, e solicitou sua transferência para
a Penitenciária Central do Estado (PCE), devido a alta periculosidade do preso,
com provável envolvimento em assaltos a banco e tráfico internacional de
drogas.
Polícia apreendeu R$ 3,2 milhões que estavam escondidos na
carroceria de caminhonete mou que irá oficializar o Laboratório de Tecnologia
Contra Lavagem de Dinheiro (Lab-LD) e a Receita Federal, por suspeita de crime
de lavagem de dinheiro.
O Instituto de Defesa Agropecuária de Mato Grosso (Indea-MT)
também será notificado para informações de registro de compra e venda de gado.
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