Renan Marcel/A Gazeta
A Câmara Municipal de Chapada dos Guimarães acolheu uma denúncia contra o prefeito da cidade, José de Souza Neves (PSDB), e votou pelo afastamento cautelar do tucano pelo período de 90 dias. Segundo assessoria, os parlamentares pretendem cassar o mandato do gestor, que enfrenta diversas ações judiciais. Neves já está afastado por decisão da desembargadora Maria Aparecida Ribeiro, da 3ª Câmara Cível do Tribunal de Justiça de Mato Grosso (TJ) até fevereiro de 2015, em virtude de ações civis públicas por improbidade administrativa que tramitam na comarca de Chapada.
Dessa forma, o novo afastamento pelo legislativo, segundo o vereador Fagner Sampaio (PT), será aplicado após o cumprimento da decisão judicial. Contra o prefeito pesa a acusação de que ele teria distribuído recursos do Fundeb da cidade com profissionais da área da Educação que não tinham direito de participar do rateio. Segundo Sampaio, até mesmo o secretário da pasta em 2013, Aurelino Monteiro, recebeu a verba que deveria ser dividida entre os professores. A denúncia dá conta de que os envolvidos receberam cerca de R$ 12 mil cada um, conforme o petista.
Com oito votos favoráveis ao afastamento a Câmara instalou uma comissão processante, na qual Sampaio é relator. Os trabalhos, com prazo de 90 dias, serão presididos pela vereadora Monique Haddad (PR) e a comissão tem Anildo Monteiro (PSD) como membro.
José Neves já teve vários afastamentos promovidos pela Justiça. O primeiro deles ocorreu no dia 12 de maio deste ano, por improbidade administrativa e supostos desvios no setor do transporte escolar municipal.
Posteriormente houve uma ação do Ministério Público que culminou na prisão do irmão do prefeito afastado, o então secretário de governo Joel Santos. Além dele, foram presos dois servidores e uma empresária, num escândalo envolvendo falsificação de valores de notas de compra da prefeitura. O irmão de José Neves abonava as notas fiscais atestando o recebimento de produtos que na realidade nunca foram entregues. No momento da prisão de Joel Santos, Neves já estava afastado da prefeitura.
Em novembro, o TJ prorrogou o afastamento porque existem nos autos informações de que o tucano vem tentando prejudicar as investigações. Até um boletim de ocorrência contra ele foi registrado pela Secretaria Municipal de Saúde, apontando truculência do prefeito afastado em uma reunião para a qual não havia sido convidado.
José Neves é acusado de tentar dificultar também uma auditoria interna nas contas da Prefeitura de Chapada determinada pelo vice-prefeito Lisu Koberstain (PMDB), que está no comando do município desde de maio. Foi o próprio peemedebista que pediu à Justiça para prorrogar o afastamento do tucano. Neves não foi encontrado pela reportagem.
