Marcio Camilo/A Gazeta
Projeto apresentado na Assembleia Legislativa de Mato Grosso (AL-MT) propõe a criação de uma lei para combater o alcoolismo nas escolas da rede pública e privada. De acordo com a proposta, o trabalho seria preventivo envolvendo a participação de médicos e pessoas que superaram o vício. Especialistas da área destacam que a medida é de extrema importância, já que os jovens conhecem a bebida cada vez mais cedo e que as drogas, de um modo geral, são uma realidade constante dentro das escolas.
Para Gláucia Ribeiro, coordenadora de projetos educativos da Secretaria de Estado de Educação (Seduc-MT), o projeto é de “extrema importância”, pois hoje as pessoas têm contato com as drogas (licitas ou ilícitas) cada vez mais cedo. Destaca que o problema é crônico e que por conta disso a Seduc elaborou vários projetos de combate às drogas, que conta com a ajuda de diversos parceiros, entre eles a Polícia Militar. “E a questão do álcool está inserida nesse processo”.
Gláucia destaca que a Seduc oferece os projetos às escolas públicas que podem aceitá-los ou não. Entre eles está o Proerd, que é desenvolvido com a PM. O projeto trabalha com pré-adolescentes, com idades entre 9, 10 e 11 anos e visa a orientação quanto aos malefícios das drogas. A grade é oferecida por policiais “proerdianos” que recebem treinamentos específicos para o fim.
Marta de Almeida (nome fictício), uma das coordenadores do Alcoólicos Anônimos de Cuiabá (AA), concorda que o trabalho de prevenção ao alcoolismo deve começar na escola. Ela orienta um grupo de 120 jovens e afirma que o álcool pode acarretar prejuízos irreparáveis na vida de uma criança ou adolescente. Ressalta que muitos jovens começam a beber no ambiente escolar, em razão da influência do amigos.
No entanto, dos relatos que já presenciou, afirma que muitas pessoas começaram a beber por conta dos pais. “Normalmente filhos alcoólatras são de pais alcoólatras. Muitos jovens que chegam aqui (AA) relatam que viam o pai bebendo e achava isso normal”. Diz que é fundamental o poder público atuar com políticas públicas de combate às drogas, mas, acima de tudo, destaca que o exemplo deve vir primeiramente de casa.
Marta conta que começou a beber aos 18 anos e que só foi parar aos 40. No auge do alcoolismo chegou a ficar com apenas 38 quilos, pois só pensava em beber o dia inteiro. Entrou em depressão. Tentou se matar. Chegou ao fundo do poço. Por fim, depois de muita luta e constantes recaídas, começou a frequentar as reuniões do AA e hoje está há 7 anos sem ingerir bebida alcoólica.