GD
Foto/Marcus Vaillant Presa da unidade Ana Maria do Couto May foi flagrada atualizando rede social no celular |
Uma presidiária da Penitenciária Feminina Ana Maria do Couto May, em Cuiabá, foi flagrada utilizando um celular com internet no momento em que atualizava seu perfil no Facebook. Foi o próprio secretário de Estado de Justiça e Direitos Humanos (Sejudh, Luiz Antônio Pôssas de Carvalho, que flagrou a presa na tarde desta terça-feira (15) com o equipamento cuja entrada é proibida dentro da unidade, mas continua chegando até as detentas. Depois que ele saiu do presídio, outra presa, uma homicida já condenada e que, segundo informações, integra a facção Comando Vermelho (CV-MT), também foi flagrada em posse de outro celular. Ambos os equipamentos foram apreendidos.
Em maio deste ano algumas presas também atualizaram seus perfis publicando fotos sensuais feitas dentro de celas, e à época o secretário determinou uma verredura em toda a penitenciária. Ele disse que somente uma foto era do interior da Penitenciária Ana Maria do Couto, mas que teria sido feita há mais de 1 ano.
De acordo com o secretário, a unidade prisional dispõe de detector de metal, raquetes (para detectar metais) e banquetas para a revista íntima e mesmo assim os celulares continuam entrando na penitenciária. Ele afirma que os procedimentos para tentar impedir a entrada de objetos proibidos também são adotados, como as revistas pessoais em todos os visitantes. “Se deixarmos de fazer a revista poderá aumentar os casos de entrada celulares que hoje são poucos”, relata Pôssas de Carvalho.
A presa flagrada pelo secretário no cubículo 17 foi identificada apenas como Jordana e é do estado do Espírito Santo. Ela está detida de forma provisória pelo crime de tráfico de drogas. Foi encaminhada para a delegacia da Polícia Civil para ser registrado um boletim de ocorrências. Depois ela seria encaminhada à 2ª Vara Criminal de Execuções Penais. O secretário garante que em virtude do flagrante a presa será punida com a perda de privilégios do sistema interno do presídio. Deverá ainda ter a pena aumentada por cerca em 6 meses, mas isso ficará a cargo do juiz Geraldo Fidélis, titular da Vara de Execuções Penais. No gabinete dele, a informação é de que ainda não houve a comunicação sobre o caso da detenta.
Já a segunda presa que escondia um celular no cubículo 14 foi identificada como Cleonice. De acordo com a Sejudh, ela é presa condenada pelo crime de homicídio e faz parte da facção criminosa Comando Vermelho. Também será penalizada com a perda de alguns privilégios.
Ao Gazeta Digital, o titular da Sejudh relatou que também não sabe como os celulares chegam até as detentas. “Existem 2 hipóteses para isso: ou falha na revista ou facilitação, mas como não temos um sistema de filmagens, não temos como descobrir se alguma revista está sendo falha ou se alguém está facilitando a entrada desses objetos”. Ele relata que já está em curso uma licitação para implantar o circuito interno de monitoramento. De acordo com o secretário, as 15 maiores unidades prisionais de Mato Grosso vão receber o sistema de filmagens.
Bloqueadores de sinal
Para o secretário Luiz Antônio Pôssas, o uso de celulares em presídios mato-grossense só será totalmente solucionado quando for instalado o sistema de bloqueadores de celulares. Por enquanto, somente a Penitenciária Central do Estado (PCE) está passando por um período de testes. Um bloqueador de sinal fabricado em Israel está sendo testado no raio 5 há cerca de 45 dias. Contudo, não se mostrou totalmente eficaz e apresenta falhas deixando alguns espaços “descobertos”.
Os próprios presos do raio 5 já descobriram o local onde o bloqueio é falho e estão pedindo para serem levados para lá com intuito de continuarem usando celulares. A informação é do próprio secretário Luiz Antônio Pôssas. Ele relatou ao GD que um técnico da empresa já foi solicitado está vindo de Israel para averiguar o problema. Ele deverá averiguar se há necessidade de reconfigurar o aparelho ou se precisará instalar outro equipamento. Somente após conseguir uma tecnologia capaz de bloquear o sinal em todo o presídio é que o secretário irá dar início à licitação para contratação dos serviços.
Outra aposta do secretário para ajudar a identificar a entrada de drogas e celulares é a utilização de cães farejadores. O canil já foi criado e agora o Estado trabalha para adquirir mais cães que futuramente vão ajudar nos procedimentos de revistas nas unidades prisionais.