O presidente Ilidio Lico mudou seu discurso.
E em tempo.
Conselheiros e torcedores estão revoltados com ele.
Pensando até em pedir sua saída da Portuguesa.
O motivo: esconder a proposta indecente da CBF.
A entidade ofereceu R$ 4 milhões para que o clube não entrasse na Justiça Comum.
Se comprometesse a disputar a Série B.
O clube tem sérias dificuldades econômicas.
Deve mais de R$ 120 milhões.
Herança maldita do ex-presidente Manuel da Lupa.
A pressão contra Lico chegava ao insuportável no Canindé.
Ele passou a manhã inteira fugindo dos jornalistas.
Até que atendeu a ligação da rádio Guaiba de Porto Alegre.
A usou para tentar se defender do seu estranho comportamento.
Se calar diante do assédio de José Maria Marin.
E manteve a pose de inocente raivoso.
“Fiquei revoltado com a proposta feita pela CBF. Eu tenho que falar a verdade. Eu tenho que abrir o jogo, o contrato é indecente. Eu ainda tenho que devolver o dinheiro em 2015. Acharam que eu assinaria isso. A minha plataforma é transparente. Falei com pessoas, mostrei o contrato, e tudo isso foi divulgado. Infelizmente essa é a realidade, A gente poderia usar esse contrato, mostrar ao Ministério Público a injustiça que estão fazendo com a gente é muito grande. A Portuguesa vai morrer com dignidade, porque isso nós temos.”
O dirigente disse que foi ele quem pediu o dinheiro para a CBF.
Foi até a entidade no dia 9 de dezembro.
Um dia antes de estourar o caso Heverton.
E pediu o adiantamento.
Estava tudo certo.
Mas, segundo Lico, a CBF resolveu colocar a cláusula no contrato.
E fazer a Portuguesa desistir do que havia conseguido em campo.
Os termos são diretos.
“A Portuguesa renuncia de forma irrevogável e irretratável ao direito de disputar o Campeonato Brasileiro da Série A de 2014, como qualquer decisão do Poder Judiciário ou qualquer outro Tribunal venha a lhe conceder esse direito por decisão de qualquer natureza, inclusive liminar, antecipação de tutela ou por decisão tramitada em julgado.”
Diante da revelação do documento tudo mudou.
O Canindé está fervendo.
Conselheiros e torcedores se revoltaram com Lico.
Porque ele não levou o documento ao Ministério Público?
Revelar o que muitos interpretam como tentativa de suborno.
Foi quando o presidente resolveu falar.
Negou publicamente que aceita o dinheiro.
Este foi apenas o primeiro passo.
Agora conselheiros querem que aja de verdade.
Tenha coragem e defenda o clube.
No Conselho Arbitral da Fifa na Suíça.
Ou na Justiça Comum.
Descruze os braços.
Trabalhe em defesa da Portuguesa.
Ou ele quer mesmo ficar na Série B já que o clube não tem dinheiro?
Esta é a desconfiança generalizada.
Lico está completamente pressionado.
Terá de sair da inércia.
E tomar partido.
Enfrentar a CBF, o Fluminense.
Buscar a Série A.
Mas atitude que, de forma incompreensível, ele não toma.
Muita gente importante no Canindé se mostra revoltada.
E está sem entender o modo de agir de Ilídio.
Principalmente o fato dele mesmo não revelar a proposta indecente da CBF.
Foi preciso vazar na imprensa para recusar publicamente o dinheiro.
Tudo está muito, mas muito estranho.
Impeachment já é uma palavra murmurada entre os sócios da Portuguesa…