Depois de uma tumultuada semana envolvendo negociações entre o governo do Estado, deputados estaduais e ainda protestos e enfrentamento com a Justiça por parte professores grevistas, enfim, uma proposta foi enviada na tarde desta quarta-feira (18), ao Sindicato dos Trabalhadores de Ensino Público de Mato Grosso (Sintep/MT). Ao que tudo indica, a categoria, que se reunirá em assembleia-geral neste final de semana, deverá aceitar a proposta e encerrar a greve que iniciou em 12 de agosto e já completa 38 dias.
Tudo vai depender das deliberações envolvendo sindicalistas de várias cidades do interior que serão convocados a participar da assembléia nesta sexta-feira (20). A greve dos professores afetou o calendário escolar de 2013 de forma que o letivo já foi prejuicado e só deverá ser concluído em janeiro de 2014, conforme já anunciou o Sintep.
Enquanto os professores exigiam que o poder de compra de seus salários fosse dobrado em 7 anos, o governo ofertou atender o pedido, mas em 10 anos. Para isso, ofereceu reajuste de 5% em ganho real (já descontado o índice inflacionário do ano) para 2014, outros 6% de aumento para 2015 e 7% para o ano de 2016. A data base desse reajuste, caso seja aceito pela categoria, será sempre no mês de maio de cada ano. Seguindo com a promessa de dobrar o poder de compra dos servidores, o governo ofertou ainda reajuste de 7,69% entre os anos de 2017 e 2023. Assim, na soma desses 10 anos, o governo acredita chegará bem próximo da reivindicação dos docentes.
Na pauta, também está a cobrança de hora-atividade para os professores interinos (não concursados) que hoje não recebem o benefício e segundo o presidente do Sintep, Henrique Lopes do Nascimento,são feitos de “trabalhadores escravos”. Atualmente, os professores concursados cumprem 20h na sala de aula e outras 10h fora para elaborar as aulas. Mas recebem pelas 30 horas. Isso não acontece com os interinos que precisam planejar as aulas e atividades, mas sem receber pelo período gasto nessa preparação.
Nesse item, a proposta do governo é pagar o incremento salarial fracionado em 3 vezes. Para isso, será pago 1/3 em 2014 e mais 1/3 em 2015. Depois disso, conforme explicou o secretário de Educação Ságuas Moraes, esses trabalhadores temporários passarão a receber o valor integral da hora-atividade, em 2016. Se for aceita a proposta, os professores que estão nessas condições passaram a receber esse benefício já em janeiro de 2014, período quando começa a atribuição de aulas.
O Sintep também reivindica nomeação de novos professores classificados no concurso público de 2010, pois mais de 50% do quadro de servidores ainda é de interinos. Também cobra realização de novos concursos. Sobre isso, a Secretaria Estadual de Educação (Seduc) já havia divulgado calendário para convocar até novembro próximo mais 1.039 profissionais da Educação classificados no último concurso.
![]() Secretário Ságuas Moraes disse que governo apresentou proposta que poderá cumprir |
Questionado sobre a expectativa de se colocar fim à greve que atinge cerca de 450 mil alunos, o secretário Ságuas Moraes disse que o governo não pode fazer compromissos sem conseguir honrá-los lá na frente. Por isso, nesse momento é inviável aplicar os 27,2% como cobrado pelo Sintep nas últimas conversas com integrantes da Comissão montada para negociar a greve.
“Estamos propondo reajustes muito próximos do valor pleiteado pela categoria. Nossa expectativa é que eles aceitam nossa proposta e encerrem a greve”, disse o secretário que finalizou os últimos detalhes da proposta com o secretário de Administração, Francisco Faiad. A Secom disse em nota que Silva Barbosa também participaria do encontro, mas isso não ocorreu.