Cinco milhões mais barato que o clube pagou por Alexandre Pato. A sensação é que a volta do argentino era possível. Faltou planejamento…
Momento de reflexão no Corinthians.
E mais cobrança velada a Alexandre Pato, à Nike.
Ao entusiasmado Mario Gobbi.
Os R$ 40 milhões gastos pelo jogador do Milan passaram a valer mais.
Ainda mais quando se sabe que em futura venda, ele ficará com 40%.
Não bastasse a instabilidade técnica e emocional do jogador…
Tudo ficou mais pesado por uma negociação na Europa.
Carlitos Tevez deixou marcas no Parque São Jorge.
É um dos grandes ídolos da história.
Bastaram 18 meses, ano e meio.
Foi a primeira e mais impactante contratação da MSI.
O iraniano Kia Joorabchian o tirou do Boca Juniors.
Pagou US$ 19,5 milhões.
A quantia foi espantosa na época.
A mais cara transação de um clube brasileiro até 2005.
Tevez foi o escudo de Kia.
O empresário queria investir o dinheiro de Boris Berezovisky.
Nos melhores jogadores da América do Sul, comandar vários clubes.
E principalmente formar uma rede independente de transmissão dessas equipes.
Bateu de frente com dois inimigos.
A TV Globo e a Polícia Federal.
Foi o fim da MSI.
Mas no ano e meio que ficou no Parque São Jorge, Tevez virou ídolo.
Foram 76 partidas marcantes e 46 gols.
A identificação com o jogador raçudo, rápido, talentoso foi total.
Tudo ruiu porque Carlitos encarava o clube como trampolim para a Europa.
Ele chegou para classificar o time à Libertadores.
Conseguiu liderar a equipe até o título brasileiro.
Já queria ir embora na janela do início de 2006.
Kia implorou para que continuasse e disputasse a Libertadores.
O argentino já tinha péssimo ambiente com o vice de futebol, Andrés Sanchez.
A relação degringolou porque Andrés tentou controlar suas declarações.
Veio a decepção com a Libertadores de 2006.
A derrota para o River Plate no Pacaembu.
E a revolta da iludida torcida que esperava o título.
À eliminação teve consequências com a infeliz contratação de Leão.
O treinador ultrapassado nunca escondeu seu rancor com os argentinos.
Foi a oportunidade.
Logo se desentenderam.
Leão tirou a faixa de capitão do jogador.
Magoada, a torcida o cobrava pela queda na Libertadores.
Tudo acabou quando estava sendo vaiado no Morumbi.
Era uma partida contra o Fortaleza.
Ao marcar, ele se vingou, mandando os corintianos se calar.
Há quem garanta que foi de caso pensado.
A reação foi automática.
Torcedores chutaram seu carro.
E a relação acabou.
Ele foi para o West Ham, sem drama de consciência.
Nestes sete anos, o Corinthians tentou seu retorno quatro vezes.
Foram tentativas insistentes, marcantes.
Logo após a conquista do Mundial, em dezembro, houve a chance.
Kia, grande amigo de Andrés, avisou que ele não continuaria no Manchester City.
O jogador queria uma transação.
Estava interessado em ganhar luvas e ter aumento de salários.
A princípio, não desejava voltar à América do Sul.
Mas tudo dependeria do esforço corintiano.
Foi quando surgiu o plano envolvendo Alexandre Pato.
A Nike intermediando a transação.
Pato querendo disputar a Copa do Mundo.
O Corinthians buscando um ídolo para agradar a torcida.
E, principalmente, os patrocinadores.
A transação foi fechada por R$ 40 milhões.
Com o trato dele ficar com 40% de uma possível saída.
A alta cúpula corintiana sabe que a prioridade é do Milan.
O seu relacionamento com a família Berlusconi vai além da amizade.
Ele tem um namoro com Barbara, filho de Silvio, dono do clube italiano.
A adaptação de Pato no Corinthians está difícil.
Primeiro houve a recuperação total física.
Dentro do campo produzia menos que Guerrero e Emerson.
Romarinho faz um trabalho de composição que ele não consegue.
Por isso, Alexandre amargou o banco.
Perdeu convocações, deixou de ser levado em consideração por Felipão.
Não foi chamado nem para a reserva na Copa das Confederações.
Está jogando muito mal.
E não teve a sonhada identificação com os torcedores.
Nem despertou a paixão dos patrocinadores.
Tudo vem à tona de novo agora.
Carlitos Tevez, o dom Sebastião corintiano, saiu do Manchester City.
Foi para a Juventus da Itália.
O preço é que incomoda no Parque São Jorge.
R$ 35 milhões.
Mais barato do que Alexandre Pato.
Perfeitamente dentro dos padrões do novo rico do futebol brasileiro.
A sensação é de desperdício.
Não será tornada pública.
Mas pessoas ligadas a Andrés Sanchez lamentam.
No atual momento de reconstrução…
Com Sheik leiloando seu passe…
Guerrero sonhando com volta à Europa…
E Pato decepcionando, a contratação seria fantástica.
Serviria para revigorar o clube.
Tevez escapou pelos dedos dos corintianos.
De nada adiantou a amizade entre Kia e Andrés.
O gosto de frustração domina a garganta de quem manda no Parque São Jorge.
Não há quem não sonhe com a volta do argentino.
Ela poderia acontecer agora.
Faltou planejamento, visão.