GP da China: a brilhante vitória de Alonso
Impecável, na ponta dos dedos, sem nenhum deslize. Assim Fernando Alonso conduziu a sua Ferrari ao triunfo no GP da China, 2013.
Excelente, Kimi Raikkonen, da Lotus-Renaul, surpreendeu a Lewis Hamilton, da Mercedes , o pole position, favorito ao topo do pódio, e garantiu o segundo posto. Hamilton se consolou com o terceiro.
O campeão Sebastian Vettel, da Red Bull, ousou na estratégia em relação à seleção dos pneus. Não funcionou, se limitou ao quarto lugar.
Felipe Massa, da Ferrari, começou muito bem a prova. No entanto, os seus pneus não ajudaram, mais desgastados do que o confortável. Acabou em sexto.
Com 5.461 metros de extensão, o circuito de Xangai se caracteriza pelo piso pouco abrasivo e por duas retas portentosas, uma delas equivalente aos comprimentos, somados, de onze campos oficiais de futebol.
Tais condições permitem que, nas duas retas, os pilotos possam se arriscar a velocidades lancinantes, de 320 até mesmo os 330 km/h.
No geral, todavia, se trata de um circuito, curiosamente, de média rapidez.
Em determinados pontos, as curvas superfechadas obrigam os pilotos a aliviar o pé, a diminuir a sua marcha da sétima até a primeira, a rebaixar as suas velocidades para números de provas de kart, 65 a 75 km/h.
Traiçoeiras peculiaridades que transformam o GP da China em um exercício muito mais de estratégia do que de habilidade ou de aceleração.
Um GP que pode se definir bem antes da corrida propriamente dita, antes mesmo dos treinos livres e dos treinos de qualificação.
Um GP que pode se definir, sumariamente, na escolha dos pneus.
Pelos regulamentos atuais, os pilotos precisam, obrigatoriamente, iniciar o GP com os mesmos pneus com que terminaram a qualificação.
E, detalhe, pneus sempre de uma única fabricante, a Pirelli.
Em Xangai, aqueles que optaram pelos macios, que tornam as máquinas mais ágeis mas, lá, costumam se derreter, literalmente, deveriam trocá-los, no seu pit stop inicial, entre a sexta e a décima-segunda volta.
Quanto aos que optaram pelos médios, de manejo mais trabalhoso porém mais resistentes, caberia trocá-los apenas entre a décima-quinta e a vigésima volta. Quer dizer, disporiam de um tempo talvez suficiente para abrir uma bela vantagem na pista. E talvez conseguissem economizar um pit stop.
Caso de Vettel, que sacrificou uma boa colocação no grid de partida, largou somente na nona posição, e em compensação poupou os seus médios.
Massa realizou a melhor largada. Pulou do quinto ao terceiro posto.
Dos líderes, Raikkonen foi o pior. Caiu do segundo ao quarto.
Hamilton, Alonso e Massa comandavam o pelotão.
Mark Weber, o parceiro de Vettel, compelido a sair na última colocação, a vigésima-segunda (no treino, ficara sem gasolina e, além disso, a Red Bull alterou o seu câmbio e a sua suspensão), adotou uma tática esperta.
Trocou os pneus macios pelos médios logo na primeira volta.
Daí, na terceira, a direção da prova liberou a utilização da asa móvel, destinada a ampliar, ainda que um tico, as velocidades no quarto derradeiro da reta mais longa. Alonso e Massa logo aproveitaram.
Na quinta volta, espetacularmente, ultrapassaram Hamilton, num mesmo instante, cada qual por um lado, Alonso na esquerda, Massa na direita. Só que ambos fariam, logo em seguida, o pit stop.
Macios por médios.
E se atrasariam.
Hamilton e Nico Rosberg, o seu parceiro, também substituiram os macios pelos médios. Restava saber quantos giros os médios aguentariam.
Na décima-sétima volta a tática esperta de Weber se arruinou. Depois de um choque com Jean-Éric Vergne, da Toro Rosso, abandonou a prova.
Raikkonen também entortou um aerofólio dianteiro ao esbarrar a sua Lotus na traseira de Sérgio Perez, da McLaren, que não lhe cedeu espaço.
Afortunadamente, sobreviveu.
Daí, paulatinamente, se desvendaram os mistérios da estratégia de cada escuderia. Alonso e Massa retornaram com mais um jogo de médios. Hamilton e Rosberg também. Enquanto isso, o campeoníssimo Vettel, um só pit stop, graças à sua tática, assumia a liderança.
Massa, infelizmente, empacou na perseguição do lento Paul di Resta, da Force India. E praticamente se despediu da chance do pódio.
No meio de tantas mudanças, pairava Jenson Button, parceiro de Perez.
Button havia programado um pit apenas para a sua prova.
Com a sua borracha em crise, Vettel trocou de pneus na trigésima-segunda volta. Daí, em pleno vôo, imediatamente ultrapassou Massa.
E o campeoníssimo ainda precisaria usar os pneus macios.
Da trigésima-oitava volta em diante as emoções se multiplicaram
Obrigações de pit para Vettel e para Button.
Necessidades de pit para Alonso, Hamilton, Raikkonen.
Pior, nos entornos da quadragésima volta a direção da prova anunciou que, ao se encerrar a disputa, ainda investigaria a lisura do uso da asa móvel por ao menos três pilotos – Raikkonen, Vettel e Button.
Quer dizer, as celebrações no pódio talvez não valessem nada.
Confirmado o mau recurso da asa móvel, punição de vinte segundos.
Button colocou os macios na quinquagésima volta.
Vettel, na quinquagésima-segunda.
Sem tempo, porém, de brigar pela ponta. Ainda, na volta derradeira, quase superou Hamilton e conquistou o terceiro lugar. Faltou pouco.
De todo modo, manteve a liderança da temporada com 52 pontos. Raikkonen subiu a 49, Alonso a 43, Hamilton a 40, Massa a 30.
Claro, pódio e tabela que ainda dependem da decisão dos fiscais a respeito do tal mau uso da asa móvel por Raikkonen, Vettel e Button.
Uma decisão que deveria ser tomada durante a prova.
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