Declaração de retaliação aos maus tratos dada à revista foi mal vista por bolivianos
Uma declaração do corintiano Tiago Aurélio Ferreira à revista IstoÉ desta semana repercutiu mal dentro do presídio, onde 12 torcedores do Corinthians estão presos, acusados de serem responsáveis pela morte do menino Kevin Espada, de 14 anos, durante uma partida entre o San José e o Timão, pela Libertadores, no dia 20 de fevereiro.
Em entrevista à revista, que repercutiu a situação calamitosa a que são submetidos os presos brasileiros, Tiago Aurélio Ferreira afirmou que poderá ocorrer uma retaliação por parte das organizadas em defesa dos corintianos aprisionados.
— Se alguém mexer com um de nós, o bagulho vai virar guerra. Aí eles vão ver o que é torcida organizada.
A afirmação chegou ao presídio e foi interpretada pelos detentos bolivianos como uma declaração de guerra, segundo o jornal Lance! desta terça-feira (26). De acordo com o diário, a situação de Ferreira e dos demais corintianos presos pode piorar depois da ameaça do torcedor, que é integrante da organizada Pavilhão Nove, facção criada por nove apoiadores do time – entre eles o ex-presidente do Timão, Andrés Sanchez – e que faz referência a um dos anexos do antigo complexo prisional do Carandiru.
Entre os 12 presos, dois são acusados de serem autores do disparo de um sinalizador que matou o menino Kevin Espada, outros dez foram denunciados por cumplicidade no crime, por portarem artefato similar na hora da abordagem policial.
Para livrar os corintianos, a Gaviões da Fiel apresentou um menor de idade como autor do disparo, mas a ‘entrega’ do jovem aconteceu no Brasil. Como ele não tem maioridade penal e é brasileiro nato, não pode ser deportado para responder pelo crime na Bolívia.
A apresentação do menor também não convenceu as autoridades bolivianas, tampouco mudou a situação dos 12, que seguem prisão preventiva em Oruro.
À revista IstoÉ, outro corintiano, Fábio Neves Domingos, da Pavilhão Nove, afirmou que ele e os demais presos são submetidos a condições desumanas e são “tratados como lixo”.
— Fui levado para o calabouço com outros brasileiros. Lá, dormiam 12 pessoas amontoadas, uma em cima da outra. Era um chutando o outro para dormir em um quarto escuro de 12 metros quadrados.
Na próxima semana, uma comitiva da Comissão de Direitos Humanos da Câmara, liderada pelo pastor e deputado Marco Feliciano, vai à Bolívia para avaliar a situação dos presos e tentar a libertação dos corintianos.