Americana desenvolveu rara doença óssea por consumir chá excessivamente

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O chá é uma bebida milenar cheia de histórias, lendas, e impregnada dos mais diversos aspectos culturais.

  É popular em diversos países, e pode ser preparado através da infusão de folhas, flores e raízes como a Camellia sinensis. A bebida, no geral, é tida como um evento social, que pode ser ingerida pela manhã para despertar o estado de alerta das pessoas, já que contém teofilina e cafeína, ou pode ser apreciada no final da tarde, ou ainda no final da noite, dependendo do costume social de determinado local.

Alguns chás possuem efeitos terapêuticos, e em sua grande maioria, tomar a bebida quente ou gelada todos os dias não representa, aparentemente, risco algum ao individuo.

  É o que uma mulher de 47 anos que vive em Detroit, EUA, também pensava arespeito, até ser surpreendida pelo desenvolvimento de uma rara doença óssea que foi diretamente ligada ao seu consumo excessivo de chá.

O diagnóstico ainda não é definitivo, mas suspeita-se que a mulher tenha desenvolvido uma fluorose esquelética, doença óssea causada pelo excesso no consumo de flúor, mineral este encontrado geralmente em chás e água potável.

A mulher, que tinha o costume de beber uma jarra de chá com pelo menos 100 saquinhos ao dia, durante 17 anos, há 5 começou a sentir dores na parte inferior das costas, nos braços, pernas e quadris. Em seus raios X foram verificados algumas áreas de ossos muito densos sobre a coluna vertebral, bem como calcificações nos ossos do braço.

O pesquisador e doutor do Hospital Henry Ford e que também é especializado em endocrinologia e metabolismo ósseo e mineral, Dr. Sudhaker D. Rao, está à frente do caso, e segundo ele, os níveis de sangue da paciente com excesso de flúor está quatro vezes mais elevado do que aquilo que seria considerado saudável.

O fluoreto é uma substância que é adicionada à água potável para evitar as cáries, mas seus níveis são baixos, e eles por si só, não são capazes de provocar uma doença tão séria como a fluorose esquelética. Essa doença é comum em países que possuem níveis elevados de flúor na água como a Índia e a China, mas não é o caso dos Estados Unidos e grande parte dos países europeus.

O doutor conta que a paciente foi procurá-lo, após outros médicos terem suspeitado de que ela tinha câncer, e como Rao é de origem indiana, talvez a doença da paciente pudesse ter outra explicação, já que Rao tinha visto casos de fluorose esquelética na Índia, e “eu era capaz de reconhecê-lo imediatamente”, disse o doutor.

Normalmente, o fluoreto que está em excesso no organismo, é eliminado pelos rins, mas ao contrário dessa paciente, que conseguia consumir chá de uma forma absurdamente excessiva, no decorrer do tempo, os cristais de fluoreto passaram a se armazenar e acumular nos ossos, segundo Rao. Isso explica a densidade encontrada na coluna vertebral e as calcificações no braço.

Há casos de pessoas diagnosticadas com fluorose esquelética nos Estados Unidos. São casos atípicos, pois essas pessoas relataram que consumiam um litro de chá por dia. A paciente agora estudada parou de tomar chá, por recomendação médica e já sentiu alguma melhora. De acordo com Rao, os depósitos de flúor irão desaparecer gradativamente conforme os próprios ossos se remodelam no corpo da paciente.

Nesta quinta-feira (21) o caso foi publicado no periódico de medicina New England Journal of Medicine.

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