Descoberta oferece nova ferramenta para tratar regiões cerebrais de difícil acesso onde o câncer pode se esconder e proliferar
Pesquisadores da Johns Hopkins University, nos EUA, descobriram que as células-tronco da gordura do próprio paciente podem entregar medicamentos diretamente no cérebro para o tratamento do glioblastoma, a forma mais comum e agressiva de tumor cerebral.
Os pesquisadores disseram que as chamadas células-tronco mesenquimais (CTMs) têm uma capacidade inexplicável de procurar células danificadas, como as envolvidas no câncer, e podem fornecer aos médicos uma nova ferramenta para alcançar áreas de difícil acesso no cérebro onde o câncer pode se esconder e proliferar novamente.
Segundo os pesquisadores, a colheita de CTMs a partir de gordura é menos invasiva e menos cara do que a partir de medula óssea, método mais comumente estudado.
Os resultados foram descritos na revista PLoS ONE.
“O maior desafio no câncer de cérebro é a migração de células cancerosas. Mesmo quando removemos o tumor, algumas células já escapuliram e estão causando danos em outro lugar. Baseando-nos em nossos achados, podemos ser capazes de encontrar uma maneira de armar células saudáveis do próprio paciente com o tratamento necessário para perseguir as células cancerosas e destruí-las. É a verdadeira medicina personalizada”, afirma o líder do estudo Alfredo Quinones-Hinojosa.
Quinones-Hinojosa e seus colegas compraram CTMs humanas derivadas da medula óssea e das células de gordura, e também isolaram e cresceram suas próprias linhagens de células estaminais de células removidas da gordura de dois pacientes. Comparando-se as três linhagens celulares, eles descobriram que todas proliferaram, migraram, permaneceram vivas e mantiveram seu potencial da mesma forma que as células-tronco.
Segundo o pesquisador, este foi um achado importante porque sugere que as próprias células de gordura de um paciente podem funcionar tão bem quanto qualquer outra para criar células que combatem o câncer. “Essencialmente, estas CTMs são como um dispositivo ‘ inteligente’ que pode rastrear células cancerosas”, explica Quinones-Hinojosa.
A equipe ainda não sabe por que as CTMs são atraídas para as células do glioblastoma, mas elas parecem ter uma afinidade natural para locais danificados no corpo, como uma ferida.