O advogado Alberto Zacharias Toron, que defende o deputado federal João Paulo Cunha no processo do mensalão, negou todas as acusações feitas pelo procurador-geral da República contra seu cliente. De acordo com a defesa, Cunha recebeu R$ 50 mil no Banco Rural, mas o dinheiro teria sido liberado pelo PT para pagar gastos com campanha eleitoral em Osasco (SP). Cunha é o único acusado candidato a deputado federal e concorre à prefeitura da cidade.
O advogado também refutou uma das acusações de forma curiosa. Segundo ele, a denúncia deixa claro que a SMP&B, empresa de Marcos Valério, lavava o dinheiro antes de repassar aos parlamentares, por isso, o deputado não devia ser acusado pelo crime.
— O sacador não precisava lavar o dinheiro porque o dinheiro vinha previamente lavado. Não existe lavagem da lavagem.
O defensor usou boa parte do seu tempo para explicar as acusações de peculato e corrupção que recaem sobre Cunha. Pela denúncia, a empresa IFT do assessor de imprensa Luis Costa Pinto foi contratada pela Câmara dos Deputados quando o acusado era presidente da Casa. A contratação seria uma fachada.
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Toron usou trechos de depoimentos de ex-deputados e até do atual ministro da Justiça, José Eduardo Cardoso, que afirmam que Pinto trabalhava na Câmara como assessor de Comunicação e não mantinha a empresa de fachada.
Em relação às denúncias de que Cunha favoreceu a SMP&B em contratos na Câmara que não foram executados, a defesa justificou que dos R$ 1,77 milhão pagos à empresa de Marcos Valério, R$ 948 mil eram decorrentes de comissões pagos à publicidade da Casa.
Provas
O advogado também destinou parte do tempo para criticar a imprensa e a opinião pública. A crítica foi feita citando uma entrevista concedida pelo ministro Celso de Mello, que chegou a dizer que as provas válidas no processo deveriam ser as obtidas à luz do dia.
— Tenho a alegria de participar de uma corte em que os ministros têm independência da opinião pública.