Greve da Polícia Militar em Mato Grosso é descartada

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A Polícia Militar de Mato Grosso ainda não definiu se irá ou não apoiar o movimento grevista que teve início na Bahia e se alastrou por outros estados brasileiros, como Rio de Janeiro e Pará. Os policiais reivindicam a aprovação do PEC 300, uma emenda constitucional, que se aprovada, irá proporcionar a unificação salarial da categoria.

O deputado federal Juliano Rabelo (PSB), que é cabo da Polícia Militar e está exercendo o mandato em substituição ao deputado Valtenir Pereira (PSB), tem declarado, com certa insistência, que são grandes as possibilidades de o denominado “Efeito Bahia” chegar a Mato Grosso.

No entanto, a existência de articulações nos bastidores para o início de uma greve no Estado foi negada pelo presidente da Associação de Cabos e Soldados da Polícia Militar e do Corpo de Bombeiros, cabo Gevaldo Pinho.

De acordo com o militar, a situação em Mato Grosso está longe do esperado pela categoria, mas a luta por melhorias salariais já foi abrandada depois que a categoria fechou um acordo com o Governo do Estado, em 2011.

As negociações garantiram um aumento gradativo nos vencimentos da categoria até novembro de 2014, bem como a vinculação dos salários dos praças aos coronéis. Com essa conquista, caso o salário dos oficiais aumente, o salário dos cabos e soldados, automaticamente, segue a proporção acordada com o Governo.

“Queríamos que, no final, o salário de um subtenente representasse 50% do salário do de um coronel. Não conseguimos isso, mas conseguimos 36% até novembro de 2014, o que já foi uma resposta satisfatória”, afirmou Pinho.

Atualmente, o salário do policial militar, em início de carreira, em Mato Grosso, é de R$ 1.992,24, segundo o presidente da associação. Até o final de 2014, este salário deverá chegar a R$ 2,7 mil, conforme o acordo fechado com o Governo do Estado.

Segundo o presidente, apesar de a greve ser uma hipótese descartada no momento, as demais necessidades da categoria não impedem que ocorra uma paralisação geral nos serviços, em um futuro próximo.

“Não estão havendo reuniões e essa possibilidade (de greve), no momento, não está na pauta. Até me encontrei com o comandante-geral da PM (coronel Lino Farias), nesta semana, e já assegurei que não haverá greve no Estado”, afirmou.

Reivindicações

Cabo Pinho ressaltou que outras reivindicações estão sendo feitas pela categoria e que fogem da questão salarial. Estas, sim, poderiam culminar em uma mobilização da categoria no Estado.

Segundo o presidente da Associação, os principais problemas enfrentados pela categoria, atualmente, são relacionados à falta de estrutura. Não há viaturas adequadas (velozes e bem equipadas) ou fardamento adequado suficiente.

“A falta de estrutura é um problema nacional e, em Mato Grosso, vem de gestões anteriores. O Governo atual [sob Silval Barbosa] está tentando resolver essa situação. Há um diálogo acontecendo, meio ‘tartaruga’, mas eles estão tentando contornar as dificuldade, dentro do possível, para melhorar a nossa situação”, disse.

Também faltam armas pesadas e revólveres suficientes para garantir a segurança da sociedade e dos próprios policiais.

“Um dia, o policial está armado, no outro não. Se ele atua em um confronto com bandidos em um dia, no outro ele enfrenta a insegurança, porque teve que passar o revólver para outro colega, que está de plantão”, revelou o presidente.

A falta de efetivo também foi salientada pelo cabo. Segundo o presidente, apesar de hoje o número de policiais militares ter aumentado, no final de 2011, para aproximadamente 14 mil (sendo que 80% deles seriam cabos e soldados), nem todos estão atuando nas ruas, alguns estão afastados e os que restam precisam trabalhar em regime de 24 horas.

“O certo seria trabalhar 44 horas por semana, o que equivale às 8h por dia. Mas hoje o soldado trabalha 24 horas sem descanso, e folga por outras 24 horas”, contou.

Greve na Bahia

A greve de policiais militares, que acontece há dez dias na Bahia – e teve início na quinta-feira (9) no Rio de Janeiro –, deixou o estado em completo caos. 

Até o momento, o número de homicídios registrados na região metropolitana de Salvador já ultrapassa 160 e, mesmo com o Exército nas ruas, a população está trancafiada em casa e os turistas temem viajar para a cidade, onde a festa de Carnaval é tradicional.

Segundo o presidente da Associação Brasileira de Agências de Viagem da Bahia (Abav–BA), Pedro Galvão, até o momento, 10% dos pacotes para o Carnaval já foram cancelados. Além disso, ensaios dos tradicionais blocos de Carnaval também foram adiados, por falta de segurança.

“É lógico que um impacto dessa natureza provoca uma reação em cadeia, uma mudança de planos por parte dos turistas. Sentimos que vai haver uma diminuição no número esperado de pessoas nas ruas (estimado em cerca de 2 milhões), mas o Carnaval vai ocorrer com a grandiosidade que sempre teve. Com o exército, a guarda nacional e a Polícia Federal nas ruas, já houve uma melhora na sensação de insegurança. Turistas estão indo para as ruas novamente e a população está voltando à rotina normal”, afirmou Galvão, em entrevista ao MidiaNews, por telefone.

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