A apática apresentação na etapa inicial, que teve domínio catarinense, foi compensada com as duas únicas boas oportunidades do camisa 9. Aos 12 minutos do segundo tempo, o artilheiro completou linda jogada de Lucas para colocar nas redes. Aos 19, encobriu o goleiro Felipe com um lindo toque de cabeça.
O jogo – Ao subir com o elenco para seu primeiro jogo como técnico do São Paulo no Morumbi desde 2004, Emerson Leão reforçou que Jean e Cícero, seus alas, precisariam aproveitar a liberdade de atacar no esquema com três zagueiros. Mas ambos demoraram a entender, e deixaram o Avaí se sentir em casa no Morumbi.
O time que começou a 34ª rodada em penúltimo lugar no Campeonato Brasileiro ditou o ritmo desde a saída de bola. Caíque, que teoricamente seria o único atacante no esquema avaiano, não era só uma referência, mas outro que se movimentava na busca por espaço em um time que buscava Lincoln para comandar a troca de passes no campo defensivo dos anfitriões.
A bola rolava como o Avaí queria no ataque, fazendo com que o Tricolor, em alguns momentos, tivesse todos os seus atletas atrás do meio-campo. A dificuldade do clube catarinense era que Lincoln, se organizava a troca de passes, não teve qualidade para colocar sua equipe na frente.
O ex-meia do Palmeiras tinha liberdade para chegar de trás e aproveitar os avanços de seus colegas pelas laterais, mas perdeu, ao menos, duas boas chances de colocar a bola nas redes. Sua subida, contudo, mantinha o time à frente, fazendo os atletas do São Paulo se olharem em busca de definição em campo.
Aos 15 minutos, a pressão quase virou gol. Pedro Ken desviou cobrança de escanteio de cabeça e Rogério Ceni fez milagre para evitar a abertura do placar. O lance tirou Leão do sério. Diante da apatia de seus comandados, passou a se esgoelar à beira do campo para seus alas subirem e seus volantes pararem de temer passar do círculo central.
Na base do rugido de seu chefe, o Tricolor acordou. Cícero passou a segurar o Avaí pelo seu lado, posicionado na intermediária para alçar bolas, e Jean entrava em diagonal do outro lado. Para renovar seu setor ofensivo, Leão inverteu o posicionamento de Lucas, que passou a atacar pela esquerda, com o de Dagoberto, agora pela direita.
O posicionamento intimidou mais o rival, mas não resolveu. O Tricolor mal usava Luis Fabiano e passou a ficar refém dos cruzamentos, tanto que levou perigo no primeiro tempo só pedindo pênalti do goleiro Felipe em saída atrapalhada na qual derrubou Xandão. O Avaí, por sua vez, ainda quase ganhou de presente um gol contra de Rhodolfo aos 30 minutos.
O desempenho gerou vaias e Leão resolveu mudar tudo. Tirou o zagueiro Luiz Eduardo, único do trio que já havia levado cartão, e armou uma espécie de 4-2-4 com a entrada de Fernandinho, dando a Lucas e Dagoberto a função de se revezar na volta ao meio-campo e ajudar os volantes na armação.
Se já era herói, o camisa 9 quase pôs tudo a perder ao tentar tirar a camisa na comemoração. Lucas não deixou, mas o centroavante acabou recebendo o amarelo pouco depois, ao reclamar de falta no campo de defesa. O nervosismo era aparente, mas o artilheiro queria aparecer por outro motivo.
Mesmo com o gol, Leão renovou suas forças ofensivas trocando Carlinhos Paraíba e Dagoberto por Denilson e Willian José. Aos 19, foi premiado. Após cruzamento de Cícero, Willian José desviou para Luis Fabiano, sem marcação, encobrir o goleiro Felipe com um toque de cabeça.
Com vantagem de dois gols, o Tricolor pode até voltar à indefinição tática. O Avaí, cansado, ainda conseguiu acertar o travessão em nova cabeçada de Pedro Ken, mas permitia a Lucas continuar arrancando para levantar a torcida são-paulina, que já não vaiava mais. A vitória, enfim, voltou ao Morumbi.