Isolado pela “bandeira ética”, Taques avalia sair do PDT

Data:

Compartilhar:

A possibilidade de o senador Pedro Taques avaliar a saída do PDT se deve ao isolamento ao qual foi submetido no partido, ao defender que o presidente licenciado do PDT nacional, ministro do Trabalho e Emprego, Carlos Lupi, seja investigado pela PGR (Procuradoria Geral da República), diante das suspeitas de patrocinar corrupção no Governo Federal.

Conforme publicação da revista Veja, que circula nesta semana, assessores de Lupi cobravam propina de ONGs (Organizações Não-Governamentais) contratadas para realizar cursos de capacitação profissional. A reportagem relata que pedetistas lotados no ministério exigiam propina para resolver pendências criadas por eles mesmos.

Pregador de um discurso ético e de combate às velhas práticas da política, Taques se sentiu incomodado com a postura de correligionários coniventes com a suspeita de irregularidades e a briga interna pela conquista de poder.

Divergência

Na terça-feira (8), houve uma reunião de senadores do PDT com a bancada de deputados federais. Ali, foi discutido qual seria a postura do partido diante das denúncias.

Integrantes da "bancada ética" do PDT, os senadores Pedro Taques e Cristovam Buarque defenderam a investigação da Procuradoria Geral da República contra Lupi. Ambos alegaram que se tratava de uma denúncia grave. Taques ainda defendeu a entrega de todos os cargos ocupados no Ministério do Trabalho e que o PDT seguisse outro rumo. 

Um dos poucos deputados federais a aderir à iniciativa foi o brasiliense Antônio Reguffe. Trata-se do parlamentar proporcionalmente mais votado do Distrito Federal e que tem o costume de não usufruir de benefícios como 14º e 15º salário e manter quadro reduzido de funcionários, diante da preocupação de zelo com o dinheiro público. 

A maioria, no entanto, fechou acordo em defesa de Lupi e afirmou até que deixaria a base aliada do Palácio do Planalto, se a presidente Dilma Rousseff viesse a demitir o ministro.

Briga carioca

Nos bastidores, comenta-se que a ala do PDT da qual faz parte Pedro Taques é influenciada a pedir investigação contra Lupi, devido à articulação do deputado federal Miro Teixeira. 

O parlamentar é adversário político de Lupi, no Rio de Janeiro, desde o tempo de Leonel Brizola, e tem a estratégia de derrubá-lo do Ministério do Trabalho e Emprego. 

Com a eventual queda, a ala da qual Taques faz parte defenderia a indicação do ex-senador Osmar Dias, atual vice-presidente de Agronegócio do Banco do Brasil. Dias mantém mais proximidade com a "bancada ética" do PDT. 

Assim, a denúncia de corrupção no Ministério do Trabalho e Emprego seria resultado de um "fogo amigo" vindo do próprio do PDT. A cúpula do Palácio Planalto tomou conhecimento disso e adotou cautela em relação a demitir Lupi.

Neste contexto, os senadores Pedro Taques, Cristovam Buarque e o deputado Antônio Regufe se sentem desconfortáveis dentro do PDT. 

DEM e PSDB

Conscientes de todo o episódio, o senador Demóstenes Torres (DEM), ex-procurador-geral de Justiça de Goiás, já sondou Pedro Taques a respeito da possibilidade dele vir a trocar o PDT pelo DEM. O senador por São Paulo, Aloysio Nunes Ferreira, também já revelou que mantém interesse na filiação de Taques ao PSDB.

A cúpula nacional do DEM e PSDB acredita que o perfil de Taques se encaixaria bem no grupo de oposição à gestão da presidente Dilma Rousseff.  

Estratégia jurídica 

No entanto, o TSE (Tribunal Superior Eleitoral) entende que o mandato pertence ao partido, e não ao político. Assim, qualquer mudança de partido pode levar o mandato a ser reivindicado na Justiça pelo suplente ou MPE (Ministério Público Eleitoral).

Nos bastidores, comenta-se que uma nova estratégia jurídica pode beneficiar os senadores Pedro Taques e Blairo Maggi – este último, oficialmente convidado pelo PMDB nacional a deixar o PR. 

Um grupo de juristas entende que a expressiva votação de Maggi e Taques – o primeiro eleito com 1 milhão e o segundo, com 700 mil votos – estão acima de qualquer coeficiente eleitoral, fato que lhes garantiriam o direito do mandato e não ao PR e PDT, respectivamente. 

A tese é amparada na situação do deputado federal Gabriel Chalita, que trocou o PSB pelo PMDB e, graças à expressiva votação obtida em São Paulo, não perdeu o mandato.

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui

Notícias relacionadas