Após quatro meses de investigações, foram presos neste domingo (18) dois dos três acusados de assassinar, no Pará, o casal de extrativistas José Cláudio Ribeiro da Silva e Maria do Espírito Santo, mortos em 24 de maio, no assentamento Praialta Piranheira, em Nova Ipixuna, segundo informações da assessoria de comunicação do governo do Estado.
Em uma operação integrada das Polícias Civil e Militar do Pará, os irmãos José Rodrigues Moreira, de 42 anos, considerado o mandante do crime, Lindon Jonhson Silva Rocha, de 29 anos, foram presos e levados para Belém. O outro acusado ainda está foragido.
Os dois estavam escondidos em um barraco no meio de uma área de mata fechada, a 52 quilômetros de Novo Repartimento (PA) e resistiram à prisão. Eles estavam armados e tentaram fugir. Com eles, a polícia encontrou três revólveres calibre 38 e uma espingarda.
Crime
Maria e José Cláudio morreram em maio após cair em uma emboscada. O casal de extrativistas morto era líder do Projeto Agroextrativista Praialta-Piranheira, e já vinha recebendo ameaças. Eles fizeram inúmeras denúncias na Polícia Federal, no Ministério Público e em órgãos como o Ibama e o Incra sobre as irregularidades ambientais cometidas na região, como extração ilegal de madeira, e isso motivou diversas inimizades.
Ambos eram nativos da região e também integrantes do CNS (Conselho Nacional das Populações Extrativistas, uma ONG fundada por Chico Mendes. Ambos eram bastante ativos dentro do projeto desde sua criação, em 1997, e já tinham presidido a associação de moradores da comunidade.
O Projeto de Assentamento Agroextrativista Praialta-Piranheira situa-se à margem do lago da hidrelétrica de Tucuruí e possui atualmente uma área de 22 mil hectares, onde encontram-se aproximadamente 500 famílias. Além do óleos vegetais, o açaí e o cupuaçu, frutas típicas da região, garantem a renda de muitas famílias.