Vinte e cinco anos após apontar contra o Palmeiras, Inter de Limeira corre atrás de grandeza perdida

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Há 25 anos, a Inter de Limeira conseguiu um feito histórico: foi o primeiro time de fora da capital, à exceção do Santos, a conquistar o Campeonato Paulista, com uma vitória por 2 a 1 sobre o Palmeiras, no Morumbi.



Passado um quarto de século e um período de extrema decadência, com direito ao rebaixamento para a quarta divisão do Estadual, o time comemora o aniversário de sua maior conquista com um espírito de reconstrução, tentando voltar aos tempos em que jogar no Limeirão era um pesadelo para os grandes paulistas. 

Neste ano, a equipe disputou a Série A-3 do Paulista, no primeiro semestre, mas não conseguiu chegar à fase final para brigar pelo acesso. Atualmente, o time joga a Copa FPF, que dá ao campeão uma vaga na Copa do Brasil, mas fez uma campanha discreta porque, em vários jogos, atuou com o time sub-20. 

Enquanto isso, a equipe principal fazia uma excursão pela Europa, com o objetivo de apresentar seus jogadores. Foram amistosos contra os times B de Racing Santander, Sporting Gijón e Osasuna, além do time principal do Gimnastica Tarragona. 

O presidente Ailton Vicente de Oliveira, que assumiu o cargo em 2009, quando equipe havia sido rebaixada para a Segunda Divisão, que na prática é o quarto e último escalão do futebol paulista, explica que a negociação de jogadores é a principal forma de tocar a equipe de forma sustentável. 

– Nós encontramos a Inter na última divisão, e apresentamos um projeto para reestruturar as categorias de base. É preciso trabalhar os jovens jogadores para que isso dê um bom fruto e você possa manter o time profissional. Eu entendo que hoje é assim que deve funcionar. 

Advogado de formação, Oliveira diz que a Inter já conseguiu mandar três jogadores para a Europa, e um quarto, o meia Lucas, deve seguir em janeiro para o Racing Santander. Para ele, a paixão da torcida, conhecida como uma das mais fanáticas do interior paulista, deve ser levada em conta, mas não pode dar as cartas no trabalho. 

– É preciso tomar por base a paixão da cidade pelo clube, mas sem deixar de levar em conta a visão empresarial, que é o que vai manter o clube funcionando. 

A decadência 

Após o título de 1986, conquistado sob o comando do técnico Pepe, a Inter viveu um sonho de grandeza. No mesmo ano de sua conquista, graças a um daqueles regulamentos bizarros do Brasileirão à época, conseguiu chegar à primeira divisão e terminar em 16º lugar, eliminado nas oitavas de final pelo São Paulo, que seria o campeão com o mesmo Pepe no comando. 

No ano seguinte, ficou em quinto no Paulistão, muito perto de disputar novamente as semifinais, e em 1988, ganhou a Série B do Brasileiro. 

A decadência, no entanto, não demorou a aparecer. Em 1990, ano em que o Bragantino repetiu seu feito e foi campeão paulista numa “final caipira” contra o Novorizontino, a Inter caiu de novo pra a segunda divisão do Brasileiro, e nunca mais conseguiu voltar à elite. 

No Paulista, a equipe ainda se manteve na divisão principal até 1993, mas logo começou a alternar acessos e descensos até 2005, ano em que jogou na elite pela última vez. De lá para cá, foi só queda. Em 2009, o fundo do poço: o time ficou em 18º lugar na Série A-3 e teve de disputar em 2010 a Segunda Divisão, que, apesar do nome, na verdade é o quarto e último escalão do futebol paulista. 

Nesse campeonato, há limitação de idade – cada time pode ter no máximo três jogadores acima de 23 anos – e as equipes sofrem com adversários extracampo, como a falta de estrutura em muitos estádios e a inexperiência dos árbitros, que geralmente estão iniciando a carreira. 

Já sob o comando de Ailton Oliveira, a Inter ficou com o vice-campeonato, entre 46 times, e conseguiu escapar rapidamente do “inferno”. Neste ano, de volta à A-3, ficou muito perto de se classificar para a fase decisiva, mas sucumbiu a uma derrota para o Taubaté, na última rodada da etapa de classificação. 

De volta 

O projeto é ambicioso: a diretoria quer voltar à Série A-2 para, em 2013, comemorar o aniversário do clube com o retorno à primeira divisão. 

Um dos jogadores mais experientes do elenco, o goleiro Marcão, de 36 anos, chegou à Inter no fim do ano passado e já absorveu bem a filosofia da casa Fala com desenvoltura sobre o projeto da diretoria e diz que não escolheu o clube à toa: pensa em se aposentar daqui a dois ou três anos e já se vê num bom lugar para começar a nova carreira. 

– Acho que posso ajudar a Inter a retornar a um lugar de honra no cenário, mas a Inter também pode me ajudar, por sua estrutura, a iniciar a carreira de treinador, que pretendo iniciar quando deixar os campos. 

O técnico Lelo, no cargo desde a segunda rodada do Paulista deste ano, tem seis acessos dede divisão no futebol paulista, e acredita que o time tem chance de alcançar a meta estipulada pelos dirigentes. 

– Ser campeão paulista de novo é muito difícil, já era naquele tempo e hoje muito mais. Mas voltar à primeira divisão, a Inter vai conseguir. Não sei se já em 2014 e se eu ainda serei o técnico, mas, com a estrutura que tem, é natural que a Inter consiga voltar.

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