Boicote de médicos a planos de saúde em SP vai funcionar por rodízio e não atinge emergência

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A interrupção do atendimento a clientes de dez planos de saúde do Estado de São Paulo, decidida nesta quinta-feira (30) pelos profissionais, vai atingir consultas e procedimentos eletivos, ou seja, marcados com antecedência, que não são de emergência.

E a paralisação vai acontecer por sistema de rodízio entre as especialidades: em uma semana os cardiologistas aderem ao boicote por três dias, depois na outra os ginecologistas interrompem o atendimento e assim sucessivamente.

A ANS (Agência Nacional de Saúde Suplementar), que regula esse mercado no Brasil, disse em comunicado que os serviços de urgência e emergência não podem sofrer com a paralisação e que não há “justificativa legal para a suspensão de atendimento nesses casos”. 

No caso dos atendimentos eletivos, os planos de saúde devem providenciar um novo agendamento de consultas, exames e internações “em tempo razoável, de forma a garantir a assistência à saúde de seus beneficiários consumidores”. 

– Os sistemas e fluxos de autorizações das operadoras devem estar programados para as necessidades de reagendamento, bem como para os casos em que os médicos ou outros prestadores, por questões individuais ou particulares, optarem por não aderir à paralisação prevista. 

De acordo com os médicos, esses dez planos de saúde foram escolhidos por supostamente não estarem abertos a negociar melhores condições de remuneração para os profissionais.

Os médicos querem que o valor que eles recebem por consulta médica suba para R$ 80 e que seus contratos sejam reajustados de acordo com o aumento no valor da mensalidade do plano de saúde autorizado todo ano pela ANS.

Em nota, os médicos dizem que outra exigência importante é “o fim das pressões das empresas para que reduzam solicitações de exames, de internações e de outros procedimentos, interferências inaceitáveis que colocam em risco a saúde dos cidadãos”.

O cronograma com as datas em que cada especialidade vai parar deve sair em até 30 dias. De acordo com os manifestantes, como são 53 especialidades médicas, se cada uma parar em uma semana, o movimento pode durar mais de um ano inteiro.

Objetivo é fazer pressão

Jorge Curi, presidente da Associação Paulista de Medicina, disse ao R que o objetivo do movimento não é penalizar os clientes dos planos, mas sim fazer pressão sobre as empresas.

– Os pacientes acabam sendo penalizados porque não têm assistência médica adequada. Esse não é um problema só dos médicos, é de mundo que está envolvido na saúde suplementar. Uma saída é descredenciar [o plano de saúde] e começar a cobrar consulta particular, o que é ruim para a população, porque nem todo mundo pode pagar.

Curi diz que o setor “já está no meio de uma crise”.

 

– Isso chegou nessa situação porque o médico aceita demais, não quer prejudicar a relação com o paciente, mas não há mais meios de aceitar isso.

 

Procurada pela reportagem, a FenaSaúde (Federação Nacional de Saúde Suplementar), que representa 15 dos maiores grupos de operadoras de planos de saúde, disse por meio de nota que “suas afiliadas estão entre as operadoras que melhor remuneram os médicos” e que está participando das negociações sobre o assunto.

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