As duas instituições que têm a missão de fiscalizar as ações dos agentes públicos e resgardar os direitos da população, principalmente a mais carente, estão em conflitos. O maior embate é quanto à fatia orçamentária. Enquanto o procurador-geral de Justiça Marcelo Ferra se vê contemplado com R$ 204,6 milhões destinados ao Ministério Público por ano, André Luiz Prieto tem reclamado do que chama de falta de vontade política por parte do governo para ampliar o orçamento da Defensoria, que trabalha com previsão de R$ 58 milhões.
Prieto observa que a Defensoria, criada no Estado no governo Dante de Oliveira, já com uma década de atraso, tem papel essencial no andamento dos processos e na assistência jurídica a pessoas carentes e, mesmo assim, não possui autonomia, situação diferente do MPE. Ele não concorda com a disparidade orçamentária entre as duas instituições. Destaca que 80% dos processos nas comarcas estão sob os advogados do “povo” e que, sem eles, os trâmites “empacariam”.
Nos bastidores, o defensor-geral critica ainda a superestrutura do MPE, que, em sua sede de Promotorias, possui mármore no piso. Já a Defensoria funciona num prédio acanhado no complexo do CPA. Prieto defende que o orçamento da Defensoria seja elevado em 100%, chegando a R$ 110 milhões. Assim, poderia convocar mais 60 dos 123 aprovados em concurso público, montando a estrutura necessária para atender a demanda nos municípios.
Hoje são 140 profissionais no quadro da Defensoria. Recentemente, o MPE acionou Prieto por ato de improbidade administrativa, depois que ele remanejou alguns defensores, deixando comarcas “descobertas”. Na bronca, Prieto declarou que alguns promotores são inexperientes e que "não têm o que fazer". Foi mais um capítulo da novela que apresenta Ferra e Prieto como protagonista, cada um em defesa da instituição que representa, quando, em verdade, deveriam estar unidos em nome dos direitos da sociedade e do zelo para com a coisa pública.