Rooseliane de Magalhães, 38 anos, casada, gestora pública concursada, lotada na Secretaria de Estado de Planejamento (Seplan), é totalmente surda do ouvido direito e tem uma perda significativa no esquerdo.
Ela está entre as 609 mil pessoas com deficiência contadas pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) em Mato Grosso no censo de 2010.
Acredita que é importante ter esta data de hoje, que é o Dia Nacional de Luta da Pessoa com Deficiência, 21 de setembro, para lembrar daqueles que enfrentam a vida com limites físicos e mentais.
“Às vezes fico chateada sim, mas não posso dizer que sou triste por isso, no entanto me sinto introspectiva, não sou de muita conversa, talvez devido à surdez”, comenta.
Embora não seja certeza, os médicos que a acompanham Rooseliane acreditam que o sistema auditivo dela ficou prejudicado após uma catapora.
“Desde então, sofro constrangimentos por não escutar direito. Na escola, tinha que assentar sempre na frente e fixar o olhar na boca da professora, para entender os conteúdos. Em casa, tem familiares que perdem a paciência, quando não ouço o que estão dizendo. Uma vez minha vó me chamou, eu já adulta, e eu não escutei. Ela brigou comigo, na frente de todo mundo, então há muita falta de compreensão. No meu caso, como a deficiência não é severa, as pessoas olham e não percebem o problema”, diz a servidora.
O Dia Nacional foi instituído por iniciativa de movimentos sociais, em 1982, e oficializado pela Lei Nº 11.133, de 14 de julho de 2005.
O secretário adjunto de Promoção dos Direitos da Pessoa com Deficiência, Marcione Mendes de Pinho, teve poliomielite na infância e é, por isso, cadeirante. Ele tem 39 anos e quando nasceu a doença já estava sendo combatida através de vacinação anti-polio, mas morava na zona rural de Chapada dos Guimarães, em Sertãozinho, e não tinha acesso à saúde.
Ele explica que pessoa com deficiência é desde aquelas que têm problemas mais leves, como alguma paralisia em uma perna só ou perda visual em um olho só, por exemplo, até quem sofre danos severos, como as paralisias cerebrais graves. No entanto, ressalta ele que todos são igualmente cidadãos e que devem ter políticas públicas inclusivas.
De 19 a 24, o Governo do Estado está realizando a Semana Estadual da Pessoa com Deficiência, no Hotel Fazenda Mato Grosso.
O secretário Marcione diz que tem uma comissão, criada por decreto, elaborando política públicas para o setor que serão apresentadas em julho de 2017.
Para ele, é prioridade para as pessoas com deficiência políticas públicas na área de saúde, educação e trabalho.
“Na saúde, temos dificuldade de tratamento, os locais não têm acessibilidade, nem a maca ou a cadeira de um dentista são adaptadas”, observa.
Na educação, ele pensa que não adianta colocar o aluno chamado de especial em sala de aula, sem qualificar os professores tecnicamente para trabalhar com eles.
Quanto ao trabalho, o secretário ressalta que os concursos devem reservar de 5 a 10% das vagas a pessoas com deficiência e a iniciativa privada também segue regras legais de inclusão neste sentido.
O presidente do Conselho Estadual de Defesa dos Direitos das Pessoas com Deficiência, Juarez de Almeida Albuês, vê evolução nas políticas específicas para pessoas com deficiência.
“Hoje estamos discutindo políticas para pessoas com deficiência, o que demostra uma grande evolução, porque nem sempre foi assim”, destaca.
Na visão dele, o grande problema é que, anteriormente, quem pensava políticas públicas para pessoas com deficiência neste não tinham ou nunca passaram por isso.
“Também não procuravam nos ouvir, o que a tornava inviável não conseguindo alcançar o objetivo proposto”, explicou Albuês.