Karine Miranda/ GD
Um grupo de integrantes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra (MST), que ocupava a fazenda do ministro da Agricultura Blairo Maggi há dois dias, invadiu os trilhos da ferrovia Ferrovia Senador Vicente Vuolo (Ferronorte) em Rondonópolis (a 218 km de Cuiabá), na madrugada desta quinta-feira (27).
Ao menos 240 pessoas estão desde às 5 horas da manhã ocupando parte dos trilhos que estão localizados a cerca de 3 km da fazenda da Amaggi. A mobilização ocorre em “luta pela reforma agrária”, além de protesto contra as reformas trabalhista, previdenciária e de terceirização, propostas pelo presidente Michel Temer (PMDB).
Divulgação MST ocupa trilhos da Ferronorte no interior de MT |
De acordo com a coordenadora estadual do movimento, Idalice Nunes, foi mantida a ocupação na fazenda e parte do grupo migrou para os trilhos da rodovia, como forma de fortalecer o movimento. A expectativa é de que a ocupação dure o dia todo.
“Essa ocupação faz parte desta ação que iniciamos há dois dias. Estamos lutando contra o agronegócio que só quer enriquecer os mais ricos, empresários e produtores, enquanto esquece-se da população dos mais pobres. O próprio ministro Maggi representa o interesse destes que querem a ampliação da Ferronorte”, afirmou.
Com a ocupação, o trem que seguia viagem parou a cerca de 1 km do movimento e a segurança da ferrovia já esteve no local e iniciou o dialogo com os integrantes do MST. “Nossa intenção é permanecer o dia todo bloqueando a ferrovia; porém, já iniciaram a mobilizam para nos retirar, mas tentaremos nos manter firme”, disse.
Para Idalice Nunes, o bloqueio da Ferronorte é fundamental, pois o modal de transporte representa tudo o que o movimento luta contra. Segundo o MST, a ferrovia não vai melhorar a qualidade do transporte das pessoas irá gerar mais riquezas apenas ao agronegócio.
Somente em Mato Grosso, a Ferronorte conta com terminal intermodal de cargas em Rondonópolis, Alto Taquari, Alto Araguaia e Itiquira. Além disso, o Governo do Estado discute a ampliação da linha, de Rondonópolis para Cuiabá.
“Pensando no desenvolvimento do agronegócio o estado fecha os olhos para a diversidade de problemas sociais e ambientais causados pelos transportes ferroviário de carga, como os impactos amplamente denunciados pela articulação justiça nos trilhos, em relação ao trem da vale”, afirmou Idalice.
Idalice disse ainda que o setor de transporte já recebeu “milhões” em investimentos, enquanto os Governos do Estado e União “tiram” direito da população especialmente dos trabalhadores rurais e do serviço público.
“A Ferronorte e a Ferrogrão integram uma demanda de quatro ferrovias que ampliará o escoamento da soja produzida no Mato Grosso, o que não significará aumento da arrecadação do estado, pois o setor que será contemplado com esse investimento é o mesmo setor que nos últimos 17 anos recebeu quase R$ 40 bilhões em isenções”, assegurou.
Ocupação da fazenda Amaggi – A fazenda foi ocupada na terça-feira (25) como parte da Jornada Nacional de Luta pela Reforma Agrária e também para marcar o Dia do Trabalhador Rural, comemorado no dia 25.
O local tem uma extensão de 479,7 hectares e é uma das mais antigas unidades produtivas do grupo, com atividades desde a década de 1980. Por meio de nota, a Amaggi declarou que busca os meios legais para reestabelecer a ordem na unidade.