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Dossiê gramados: falta de luz do sol nos campos acende alerta para 2014

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Os gramados de alguns estádios da Copa do Mundo da África do Sul entraram para a lista de pontos negativos do Mundial do ano passado. Foram muitas as reclamações de jogadores, técnicos e dirigentes a respeito do fator que mais atrapalha o desempenho de uma equipe. O paradoxo de se construir um estádio de mais de R$ 500 milhões com um campo ruim intriga os engenheiros agrônomos que trabalham no Brasil. Para a Copa de 2014, a preocupação é muito grande. A previsão é a de que o país terá sérios problemas caso não consiga solucionar a ausência de luz de sol nos gramados, características das arenas mais fechadas exigidas pela Fifa.

Luz artificial no gramado do Real Madrid (Foto: Divulgação SGL Concept)Iluminação artificial no gramado do Real Madrid (Foto: Divulgação SGL Concept)

– A Fifa exige cobertura para o público, até por uma questão de conforto. Mas o gramado vai sofrer. A única grama que suporta sombra são as gramas de inverno, que aqui não aguentariam o verão. Esse é o dilema. Não adianta fazer um estádio caríssimo se ele não funcionar depois da Copa – alerta Daniel Tapia, responsável pelo gramado do Morumbi há mais de 20 anos.

Na África do Sul, o belíssimo estádio Nelson Mandela Bay (foto abaixo), em Port Elizabeth, sofreu com a falta de sol, como atestou na época um funcionário da Fifa que não quis se identificar.

Gramado do Mandela Bay stadium (Foto: Marcio Iannacca / Globoesporte.com)Gramado do Nelson Mandela Bay recebeu muitas
críticas na Copa da África (Foto: Marcio Iannacca)

– São três problemas: a chuva, a quantidade de jogos e a falta de sol. O maior problema é que não bate sol aqui no campo. É como se plantassem grama dentro da sua casa – disse.

Artur Melo, agrônomo responsável pelo Engenhão, vai além.

– Na África, várias obras de estádios e CTs atrasaram, fazendo com que o plantio dos gramados se retardasse. Além disso, houve gramados mal executados, que tiveram que ser replantados mais de uma vez por problemas de drenagem. Com isso, os gramados recém-plantados não tiveram o tempo para a sua completa maturação e o suficiente enraizamento.

Diretor técnico da World Sports, empresa que cuida dos bons pisos do Pacaembu e da Vila Belmiro, Fabio Camara ressalta a preocupação para 2014.

Teremos gramados com problema durante a Copa. Os estádios mais antigos são abertos, com grande possibilidade da incidência da luz do sol. As arenas mais modernas são mais fechadas. E, sem sol, a grama não cresce e não consegue a recuperação desejada para um evento com tantos jogos em um curto espaço de tempo"
Fabio Camara, responsável pelo gramado do Pacaembu

– Com certeza teremos gramados com problema durante a Copa. Os estádios mais antigos são abertos, como o Serra Dourada, por exemplo, com grande possibilidade da incidência da luz do sol. As arenas mais modernas são mais fechadas. E, sem sol, a grama não cresce e não consegue a recuperação desejada para um evento com tantos jogos em um curto espaço de tempo.

Para compensar a ausência do sol, muitas arenas na Europa usam luz artificial, uma coleção de canhões que ficam no gramado. Botafogo e Atlético-PR já estudam a possibilidade de adquirir o equipamento, mas há um entrave importante.

– O aparelho custa aproximadamente 1 milhão de euros (R$ 2,3 milhões), fora a conta de luz, que aumenta muito – lembra Fabio Camara.

Administrador do Pituaçu, estádio que tem sido usado pelo Bahia enquanto a Fonte Nova é construída para a Copa, Hélio Ferraro apresenta a contradição causada pela arquitetura das arenas.

– O sol é muito generoso em Salvador, temos 2.500 horas por ano e a grama precisa de 1.100 horas. Mas, na Fonte Nova, terão que fazer um estudo bem detalhado, já que, com o sombreamento, será necessária iluminação artificial.

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