Agência rebaixa nota do Brasil e torna País menos atrativo para investidores

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Frágil quadro fiscal e desaceleração do crescimento contribuem para o resultado

A agência de classificação de risco “Standard & Poor’s” reduziu o nível da classificação de crédito do Brasil, nesta segunda-feira (24), justificando sua decisão pelos sinais pouco claros da política econômica do governo da presidente Dilma Rousseff, que enfrenta um frágil quadro fiscal, assim como pela desaceleração do crescimento do país.

A agência rebaixou a nota do Brasil para BBB-, o nível mais baixo para grau de investimento da dívida, e considerou a perspectiva “estável”.

A nota é uma indicação para os investidores estrangeiros sobre o quanto a economia do País é confiável e qual seria o risco de um eventual calote.

“O rebaixamento reflete a combinação de deterioração fiscal, a possibilidade que a política fiscal se mantenha débil em meio ao crescimento moderado nos próximos anos, uma capacidade limitada para ajustar essa política antes das eleições presidenciais de outubro e o enfraquecimento das contas externas do Brasil”, justificou a agência em comunicado.

Fatores estruturais e cíclicos estão por trás do panorama econômico, completou o S&P, que apontou para o baixo investimento – apenas 18% do PIB no ano passado.

“Combinados, esses fatores acentuam o pouco espaço de manobra do governo frente a choques externos”, explicou.

Apesar da queda na nota para “BBB-“, a dívida do Brasil permanece com grau de “investimento”.

“O peso da dívida do governo em geral é alto, mas sua composição continua sólida (…) Esses fatores corroboram as classificações de baixo grau de investimento”, justificou a agência.

Eleições

A S&P alertou que, mesmo depois da eleição presidencial, não são fortes as perspectivas de que serão feitos os ajustes políticos necessários.

Apesar dos recentes cortes orçamentários, o governo terá dificuldade de atingir sua meta de superávit de 1,9% do PIB, dado o baixo crescimento, assim como as persistentes políticas de isenções fiscais.

A S&P prevê crescimento de 1,8% em 2014, chegando a 2% em 2015.

“Ainda esperamos que um amplo investimento do setor privado se mantenha apagado, considerando-se o sentimento negativo que persiste e uma atitude de ‘esperar para ver’ associada à eleição”, completou a agência.

Também contribuem para essa análise o risco de racionamento de energia e o impacto da acentuada alta nas taxas de juros em 2013.

O Brasil cresceu 2,3% em 2013, completando o terceiro ano de moderada expansão. Em 2012, a economia cresceu 1%, contra 2,7% em 2011, após o impressionante avanço de 7,5% em 2010.

Cortes no orçamento

Em fevereiro passado, o governo brasileiro anunciou um corte de gastos no orçamento de R$ 44 bilhões e reduziu sua previsão de crescimento do PIB de 3,8% para 2,5% em 2014.

O corte deve ajudar o Executivo a atingir a meta de superávit fiscal primário fixada em 1,9% do PIB em 2014.

A equipe da S&P esteve no Brasil na semana do dia 10 de março, com o objetivo passar um pente-fino nas contas públicas e conversar com agentes do mercado, investidores e autoridades do governo. A missão, que começou por São Paulo, passou também por Brasília e Rio de Janeiro. Na ocasião, a força-tarefa da S&P participou de encontros com o ministro da Fazenda, Guido Mantega, e com a diretoria do Banco Central.

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