Desmatamento em Mato Grosso volta a assustar

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O desmatamento registrado em Mato Grosso voltou a assustar as autoridades de Meio Ambiente no Brasil após aparentes três anos de calmaria na devastação. O Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) revelou ontem que, entre março e abril deste ano, dos 593 quilômetros quadrados derrubados na Amazônia Legal, 480 Km2 eram do Estado. O aumento é de 528,3% em relação ao mesmo período do ano passado. O dado é do sistema de alerta do DETER – Detecção de Desmatamento em Tempo Real -, que colabora para a fiscalização e o controle do desmatamento.

A última vez que esse patamar de desmate foi registrado em Mato Grosso data do final de 2007, quando a então ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, chegou a fazer uma vistoria in loco da devastação amazônica no Estado. Entre agosto e dezembro daquele ano, Mato Grosso foi responsável por 1.786 Km2 do desmate na floresta. A constatação promoveu uma série de operações envolvendo o Ibama, a Polícia Federal e a Força Nacional para coibir a derrubada de árvores no Estado.

A atual ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, em depoimento ao site Globo Online, disse que o desmatamento registrado na Amazônia foi assustador.

Quanto aos dados recentes, a maior concentração dos cortes se deu no mês de abril, quando o Estado apresentou 405,6 Km2 de desmatamento. Em março, foram 77,7 Km2. Mato Grosso fica bem longe do segundo colocado na devastação: o Pará apresentou 67,2 Km2 nos dois meses, com destaque também em abril (57,3 Km2). O Inpe reforça a importância de analisar os dados levando em consideração a cobertura de nuvens no período, o que afeta a observação por satélites. Em abril, Mato Grosso foi o estado com a melhor visibilidade entre os oito da Amazônia Legal. No mesmo período do ano passado, Mato Grosso registrou 76,4 Km2 de desmate da floresta. O atual dado representa um crescimento de 528,3% de devastação no Estado. Toda a Amazônia sofreu 103,5 Km2 de desmatamento em março e abril de 2010.

Para os ambientalistas, a retomada dos megadesmatamentos não é mais novidade e tem causa: a possibilidade de uma "anistia" providenciada pelo novo Código Florestal Brasileiro – cuja votação ainda tramita no Congresso Nacional. O alerta sobre o aumento do desmate em abril já havia sido feito por meio de estudo do Instituto Centro de Vida (ICV), organização não-governamental. Com análises de satélites, os pesquisadores detectaram um crescimento previsto de 22% entre agosto de 2010 e março deste ano. Foi de 27%, conforme o Inpe.

Isso ocorre por conta da possível mudança nos percentuais de desmate permitidos pela legislação. Muitos produtores já passaram a entender que podem desmatar 50% das propriedades na floresta, enquanto o Código atual diz que apenas 20% das áreas podem ser derrubados.

"Alertamos que a taxa de desmatamento no Estado, que havia caído abaixo de 100 mil hectares em 2010, pode voltar neste ano aos níveis do período de pico, de 2001 a 2005, quando a média foi de 900 mil hectares por ano. O que está acontecendo é uma corrida para desmatar grandes áreas o quanto antes, visando aproveitar-se da anistia do desmatamento ilegal prometida pela proposta de alteração do Código Florestal", declarou o ICV no estudo.

COMBATE – Fiscais do Ibama apreenderam no Estado 40 dos 56 tratores de esteira e grande porte recolhidos na Amazônia que estavam sendo usados em desmatamento ilegal de novas frentes. Neste ano, o Ibama iniciou as operações na Amazônia em janeiro. Além dos tratores, o Instituto apreendeu 46 mil metros cúbicos de madeira e 76 caminhões e embargou 27 serrarias e 37,3 mil hectares de áreas. O número de operações mais que dobrou de janeiro a maio e as multas chegaram a R$ 275 milhões.

A "anistia" do novo Código também já preocupava o governo do Estado no início deste mês, quando lançado o programa de Mato Grosso para o combate as queimadas em 2011. Ontem, no início da noite, o governador Silval Barbosa assegurou que o desmate no Estado será punido com rigor. "Quem derrubou de forma ilegal será punido na forma da lei, com multas e embargo das propriedades", disse Silval. Juntamente com cerca de 500 fiscais do Ibama, 265 agentes ambientais da Sema estão em campo. Além de 12 caminhonetes da Sema que estão sendo utilizadas para os deslocamentos, helicópteros também serão usados nas operações.

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