A Comissão de Ética do Partido dos Trabalhadores (PT) se reúne neste final de semana para concluir o relatório a respeito do processo disciplinar por suspeita de infidelidade partidária na eleição de 2010 ao qual responde a ex-senadora Serys Slhessarenko. Outras lideranças também são investigadas, como a secretária adjunta de Justiça do governo do Estado, Vera Araújo, a "Verinha" e o vereador por Cuiabá, Lúdio Cabral.
Todos são acusados de não pedir votos ao candidato derrotado ao Senado, Carlos Abicalil, o que implicaria em desrespeito a decisão do PT tomada em convenção de junho do ano passado.
Nos bastidores, comenta-se que setores da executiva nacional interviram para evitar a expulsão de Serys, mas, decidiu respeitar a autonomia do diretório estadual em conduzir o processo disciplinar.
A expectativa é que seja anunciada uma punição mais branda como a suspensão da filiação partidária pelo prazo de 4 meses. Em relação a Verinha e Lúdio Cabral seriam aplicadas apenas advertências por escrito. A estratégia é minimizar novas crises no partido que diminuiu sua representatividade política elegendo apenas Ságuas Moraes para deputado federal.
Mesmo assim, Ságuas ainda corre o risco de perder a vaga com a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) de que a lei da Ficha Limpa não tem validade para a eleição de 2010, o que abriu espaço para o tucano Nilson Leitão reivindicar a vaga na Justiça.
Sem discriminação
Ao Midianews, o presidente da Comissão de Ética, Amilton da Silva, informou que a reta final do processo será marcada pela imparcialidade e não haverá perseguição. "A avaliação vai obedecer aos critérios técnicos e será pautado pela isenção. Todos já apresentaram defesas e os recursos que tinham direito. Agora, qualquer decisão vai obedecer ao estatuto partidário".
Após a conclusão do relatório, a Comissão de Ética composta por cinco integrantes decide pela procedência ou não das punições. Logo depois, é encaminhada a executiva estadual na qual 42 dirigentes partidários irão decidir se acatam ou não os pedidos.
Amilton da Silva se recusou a antecipar o teor do relatório, mas negou que a comissão de ética, composta na maior parte por aliados de Abicalil, farão "caça às bruxas". "Não dá para adiantar nada, mas asseguro que será feita uma análise cabível dos fatos sem perseguir ninguém".
Délubio e Serys
O retorno aos quadros do PT do ex-tesoureiro Delúbio Soares, apontado como protagonista do esquema do mensalão, não deve influenciar numa possível absolvição de Serys. Soares é tido como grande aliada da ex-senadora.
"Embora sejam atitudes diferentes, o PT de Mato Grosso não vai se deixar levar por influências externas", afirma Amilton da Silva.