Empreiteira fez trecho da obra com “contrato de gaveta”

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A reportagem teve acesso exclusivo a documentos que revelam que pelo menos 7 dos 12,2 quilômetros concluídos da duplicação da rodovia MT-251, que liga Cuiabá a Chapada dos Guimarães, teriam sido executados por outra empreiteira, e não a Cavalca Construções Ltda, que venceu a licitação para a obra.

Segundo os documentos, a Dinamo Construtora Ltda, com sede em Cuiabá, teria feito a obra a partir do quilômetro 10. É justamente neste trecho em que são encontradas falhas graves, com o asfalto cedendo e buracos tomando conta da pista. A obra foi inaugurada há cinco meses.

A reportagem apurou que o trecho teria sido entregue à Dinamo por uma exigência do ex-secretário de Infra-Estrutura, Vilceu Marchetti (gestão Blairo Maggi), um dos denunciados pelo Ministério Público Estadual pelo superfaturamento de R$ 44 milhões na compra de caminhões e equipamentos pelo governo do Estado.

A extensão licitada corresponde ao primeiro trecho, e vai do entroncamento da MT-010 (trevo do Distrito da Guia) até o entroncamento da MT-351 (trevo que dá acesso ao Lago do Manso). Apesar disso, o governo do Estado autorizou apenas o trecho que se inicia na Fundação Bradesco, no Jardim Florianópolis, até o posto da Polícia Rodoviária Estadual.

O contrato inicial da obra era de R$ 17.400.992,20, mas foi aditivado em R$ 4.325.079,76, em novembro do ano passado.

"A informação procede"

Ouvido pela reportagem, Arlindo Cavalca, proprietário da Cavalca Construções, confirmou a informação. "Eu posso lhe afirmar que essa informação procede; foi a Dinamo que fez grande parte da obra", afirmou. 

Segundo ele, existe um documento – ou "contrato de gaveta" -, em seu poder, que comprova a subcontratação do trecho. "Tenho como provar isso. Não estou fugindo de responsabilidades sobre a obra, mas a verdade é essa", disse.

Em relação aos problemas na obra, Cavalca disse que sua empresa realizará os reparos necessários.

Governo desconhece

Segundo Zenildo Pinto de Castro Filho, superintendente de obras da Secretaria de Estado de Transporte e Pavimentação Urbana, o governo não tem conhecimento da possível subcontratação. 

"Isso, aliás, não está previsto no edital e vamos analisar o fato juridicamente", disse.

Vilceu fica irritado

Procurado pela reportagem, o ex-secretário Vilceu Marchetti ficou irritado. "Eu não sou o secretário e vocês que liguem para o governo para saber isso", afirmou, para em seguida desligar o telefone.

A reportagem também ligou na sede da Dinamo Construções. A secretária informou que os responsáveis não se encontravam e que dariam retorno.

Polêmica

A duplicação do trecho da MT-251 é motivo de outra polêmica. Segundo informações, através de uma manobra, a Sinfra teria rompido, de maneira unilateral, o contrato com a Geosolo, vencedora da primeira licitação, no valor de R$ 44 milhões.

A rescisão contratual foi justificada em função de readequações no projeto, fato que teriam reduzido o custo para R$ 17,4 milhões. 

Uma nova licitação foi realizada e empresa Cavalca se sagrou vencedora. A questão ainda está sendo discutida no Tribunal de Justiça.


O empresário Arlindo Cavalca, ao lado do então vice Silval Barbosa; o diretor da Dinamo, Giovani Guizard, e o ex-secretário Marchetti, de camisa vermelha

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