A imagem consagrada de Carlos Alberto Torres é com a Taça Jules Rimet nas mãos, logo após a conquista do tricampeonato mundial com a seleção brasileira, na Copa de 1970, no México. O que muita gente não sabe é que o “capita”, como ele ficou conhecido, também tem em seu currículo uma medalha de ouro nos Jogos Pan-Americanos.
Foi em São Paulo, em 1963, na primeira vez que o Brasil sediou a competição, que terá sua próxima edição em outubro, em Guadalajara, no México. Carlos Alberto, então com 18 anos, era considerado uma das maiores revelações do futebol brasileiro à época, mas teve de adiar a assinatura de seu primeiro contrato como profissional para jogar o Pan.
O pedido, ele contou em conversa , foi feito pelo então presidente da CBD (Confederação Brasileira de Desportos), João Havelange. Na época, somente jogadores amadores, ou seja, que não ganhavam dinheiro, podiam disputar Pan e Olimpíada. Para não perder o talentoso lateral, o cartola o convenceu a passar mais um tempo no amadorismo.
– Eu tinha 18 anos e já era titular do Fluminense. Eu ia assinar o contrato, mas o João Havelange não deixou, só para que eu pudesse disputar o Pan.
Carlos Alberto ganhou um privilégio: já estava concentrado em São Paulo com o time, convocado pelo técnico Antoninho, mas foi liberado para defender o Fluminense num jogo contra o Santos, pelo Torneio Rio-São Paulo. Com ele em campo, o Tricolor carioca venceu por 4 a 2.
– Eu fui liberado para jogar e ganhamos. Dizem que foi ali que surgiu o interesse do Santos em me levar pra Vila, o que aconteceu um ano depois.
Do período com a seleção, Carlos Alberto guardou lembranças como os treinos coletivos contra o time principal do São Paulo, quando era obrigado a marcar o ponta-esquerda Canhoteiro, “um grande craque”, e os jogos no Parque São Jorge, sempre com casa cheia.
– Era um time excelente. O Antoninho fez um trabalho muito bom e os torcedores paulistas apoiaram bastante, especialmente os corintianos.
Carlos Alberto se profissionalizou em seguida, em 1964 estreou na seleção principal e, logo depois, firmou-se como o dono da posição por longos e vitoriosos anos. Mas não esquece que a bela história começou no Pan.
– Naquela época não existiam campeonatos sub-15, sub-17 ou sub-20, era uma seleção apenas “de amadores” que se reunia para jogar Olimpíada e Pan. Eu tive a minha oportunidade e foi inesquecível, guardo a lembrança para sempre.