A Polícia Civil divulgou o nome dos três integrantes da família Machado, presos nesta quarta-feira (6), durante a Operação Balista, da Polícia Federal. São eles: Genildo de Souza Machado, Genivaldo de Souza Machado e Gilmar de Souza Machado, todos agropecuaristas.
Eles são moradores da cidade de Várzea Grande. Os três são irmãos de José Maria Machado, agropecuarista que já cumpriu pena por tráfico.
Genivaldo foi preso em sua residência, um sobradinho localizado num condomínio fechado, no bairro Ipase, em Várzea Grande. Os outros irmãos, foram encontrados em outros bairros da cidade. Os três estão com a prisão preventiva decretada pela 2ª Vara Criminal de Várzea Grande.
Os três irmãos são apontados pela PF como líderes de uma quadrilha que atuava em várias modalidades de crime, incluindo arrombamento de caixas eletrônicos. Dois deles, ocorridos em fevereiro e março, foram praticados pela quadrilha.
A PF não confirmou a participação da quadrilha no arrombamento dos dois caixas do Banco do Brasil instalados na Secretaria de Estado de Planejamento (Seplan), ocorrido ontem de madrugada. “Temos a confirmação de apenas cinco assaltos”, explicou o delegado federal Fernando Salomão, durante entrevista coletiva.
Ele acrescentou que os chefes são sempre os mesmos, mas a chamada “equipe de apoio” é renovada, uma vez que estão na frente da ação criminosa e acabam presos. Sete integrantes do bando já estão atrás das grades e foram ouvidos pela PF.
"Identificamos um grupo, relativamente organizado, que, a partir de três irmãos e sua rede de amizade, começou a praticar crimes, numa série que começou a preocupar", informou o superintendente da PF em Mato Grosso, delegado Valmir Lemos de Oliveira.
Segundo ele, a ação policial desarticulou uma organização criminosa envolvida em esquema de assalto a bancos, roubo de carretas, cargas, além de caixas eletrônicos cujo destino final era arrecadar fundos para o tráfico de drogas.
Bolívia
A Polícia Federal informou que chegou a um dos irmãos após investigações de tráfico de drogas e roubo de caminhões, que eram trocados na Bolívia por entorpecentes.
A família possui propriedades rurais na região de São José de Quatro Marcos (315 km a Oeste de Cuiabá), que ajudariam no apoio aos veículos que passavam pela fronteira entre Mato Grosso e Bolívia.
"Essas pontas acabaram surgindo nas investigações e verificamos que eles estavam se prestando a fazer esses outros tipos de crimes: assaltos e roubo a bancos e caixa eletrônicos. Não podemos fechar os olhos para outros crimes", destacou o superintendente.
Tráfico e assassinato
Condenado a quase 50 anos de prisão, o fazendeiro José Maria Machado, irmão dos três fazendeiros presos hoje na Operação Balista, continua cumprindo pena na Penitenciária Central do Estado.
Em 2003, ele foi sentenciado a 12 anos e seis meses, junto com irmão Gilmar, por assassinato de uma pessoas que, até hoje, não foi identificada. A ossada do desconhecido foi encontrada no sítio dos irmãos, na região de Mirassol D'Oeste, em 2000.
A investigação foi conduzida pelos promotores do Grupo de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), do Ministério Público Estadual (MPE), no decorrer do ano 2000. Os promotores chegaram até a ossada graças a uma denúncia anônima.
Em maio de 2002, José Maria foi condenado a 25 anos de prisão pelo assassinato de Filogônio Pires dos Santos e de sua mulher, Inês Zogal de Oliveira, em janeiro de 1995.
O duplo assassinato foi motivado por interesses pessoais e econômicos. O júri entendeu que José Maria mandou matar os sogros Filogônio Pires e Inês Zogal.
O assassinato teria sido cometido por cinco pessoas, entre elas, um cunhado do fazendeiro. Ele responde a outros cinco processos que investigam o assassinato de 12 pessoas. Em 2001, o júri popular absolveu o fazendeiro da acusação de ser mandante do assassinato de um ex-funcionário dele.
Por ocasião da CPI do Narcotráfico, também no ano 2000, ele foi ouvido na condição de traficante que comandava a região de Mirassol D'Oeste e São José dos Quatro Marcos.