A Fundação Nacional do Índio (Funai) vai instalar uma base avançada em Matupá vinculada à Coordenação Técnica Local (CTL) de Guarantã do Norte. O compromisso foi assinado pelo presidente da Fundação, Márcio Meira, para atender uma antiga reivindicação dos índios Terenas, os mesmos que obstruíram trecho da BR- 163 há duas semanas em protesto contra o abandono pela instituição.
Há mais de um ano eles pediam a realização de uma audiência para pedir a criação de uma regional que atendesse duas demandas. Os Terenas, índios situados na região de Colíder, no Norte do Estado de Mato Grosso, dividem terras com índios Caiapós, com quem nunca tiveram boa relação.
Eles reclamam da falta de recursos, de atendimento médico e da quase nula representatividade da comunidade dentro da Funai. O novo CTL será dividido entre os cerca de 400 Terenas e outros 400 Tanarás e ficará localizado no município de Matupá, há 250 quilômetros de onde a comunidade se encontra atualmente.
“Esperamos por um ano para sermos recebidos pela direção da Funai. Nenhum funcionário nos dava uma resposta aos nossos pleitos. Foi aí que decidimos ocupar a rodovia para chamar a atenção da sociedade para o descaso com a nossa comunidade”, destacou o cacique Nilton Rondon.
O compromisso foi assinado esta semana durante audiência em Brasília, que só aconteceu, segundo Rondon, com a pressão exercida pelo Ministério Público Federal e com o apoio do deputado Valtenir Pereira (PSB/MT) e do senador Pedro Taques (PDT/MT).
“A gente vai trabalhar de forma independente a partir de agora. Fomos vítimas do descaso da Funai, que durante um ano nunca nos recebeu. Agradeço ao deputado Valtenir Pereira, ao senador Pedro Taques e ao Ministério Público pelo apoio às nossas reivindicações”, justificou.
“Conseguimos colocar os índios e a diretoria da Funai para uma rodada de negociação. A dificuldade alegada pelo governo foi o corte no orçamento federal que impediu a criação de novas regionais. Felizmente conseguimos uma solução”, destacou Valtenir.
Segundo Rondon, a Funai se comprometeu a conceder a um dos membros Terena um cargo federal para representar a comunidade na Fundação e atender as demandas como titular na regional de Colíder.