Diretorias de Corinthians e São Paulo transformam clássico em guerra política nos bastidores

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Nunca três pontos valeram tanto para Corinthians e São Paulo. No clássico do próximo domingo (27), em Barueri, o que estará em jogo extrapola o campo. Se já eram rivais no esporte, os últimos acontecimentos envolvendo as duas diretorias fizeram dos dois clubes os maiores expoentes de lados opostos também na política do futebol. Simbólicamente, o clássico opõe duas formas diferentes de atuar nos bastidores do esporte.

 

Em 2009, depois que o São Paulo só repassou 10% dos ingressos para o Corinthians em clássico no Morumbi, o presidente do Timão, Andrés Sanchez, presidente do clube, disse que o clube não mandaria jogos no estádio enquanto estivesse no cargo. Começava ali uma desavença que cresceria muito nos anos seguinte.

A “briga” se acirrou graças à Copa do Mundo de 2014. O Brasil foi eleito em 2007 país sede do Mundial. O Morumbi, único estádio com capacidade para receber o jogo de abertura (65 mil lugares, no mínimo), foi indicado para sediar os jogos em São Paulo. Nos meses seguintes, o Tricolor paulista mandou seis projetos para a Fifa e viu todos serem rejeitados. Ou por falta de adequação ou por falta de verba para as reformas. Em junho de 2010, o Morumbi foi vetado do Mundial.

Ao mesmo tempo em que via a Fifa tirar o estádio da Copa, Juvenal Juvêncio, presidente do São Paulo, se distanciava da CBF. Apoiou e ajudou a eleger Fábio Koff para a presidência do Clube dos 13 ao invés de Kléber Leite, favorito de Ricardo Teixeira na eleição de 2010.

O Corinthians se aproveitou do embrólio. Andrés Sanchez, presidente do clube, estreitou laços com o Teixeira. Foi chefe da delegação brasileira na Copa do Mundo de 2010 e ainda apresentou o futuro estádio do Corinthians para resolver o problema de falta de arena para a Copa de 2014. Em agosto de 2010, dois meses após a exclusão do Morumbi, o “Fielzão” tomou oficialmente o lugar do Tricolor paulista no Mundial.

Só que a disputa ainda vai longe. Como se não bastasse a confusão da Copa do Mundo, o São Paulo diz que tem um documento assinado com o COB (Comitê Olímpico Brasileiro) que garante o Morumbi como sede de alguns jogos da Olimpíada de 2016. Porém, Ricardo Teixeira afirmou recentemente que o estádio do Corinthians será usado nos Jogos. Essa "batalha" será mais um round entre as duas diretorias nos próximos anos.

Além de estarem em lados opostos quando o assunto é Copa do Mundo e Olimpíada, são-paulinos e corintianos são os principais opositores na briga pelos direitos de transmissão dos Brasileiros de 2012 até 2014.

Vice de Fábio Koff no C-13, Juvenal Juvêncio se manteve fiel à entidade. Negou negociar individualmente com redes de televisão e apoia a licitação promovida em 11 de março, que teve a RedeTV! como vencedora. Coincidência ou não, no Brasileiro de 2011 será o time paulista com menos jogos do primeiro turno transmitidos na TV aberta. Serão cinco exibições contra oito do ano passado.

Já Andrés Sanchez foi o primeiro dirigente a anunciar que estava fora do C-13. Sanchez apoiou o candidato da CBF, Kléber Leite, na eleição de 2010. Agora, escolheu negociar diretamente com as TVs, foi chamado de “moleque” por Koff e rompeu com a entidade. Será o clube paulista com mais jogos transmitidos na TV aberta no primeiro turno de 2011, com 14 exibições.

Além de terem se enfrentado pela Copa do Mundo e pelos direitos de transmissão, os dois clubes também disputaram o meia Lucas, maior revelação do futebol nos últimos tempos.

 

Criado na base do Corinthians, o jogador se transferiu em 2008 para o São Paulo, segundo Andrés Sanchez, por R$ 400 mil. Quando chegou ao Tricolor, aos 15 anos, o meia ainda era conhecido como Marcelinho, por causa da semelhança com o antigo ídolo corintiano. Fora da partida deste domingo, Lucas jogará pela seleção brasileira no mesmo dia.

 

Depois das "derrotas" do São Paulo fora de campo e do tabu de quatro anos (11 jogos) sem triunfo sobre o rival, o jovem aparece como a maior vitória dos são-paulinos sobre os corintianos nos últimos tempos.

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