"Tudo isso destruiu a minha imagem por completo". A afirmação é do delegado da Polícia Civil de Mato Grosso, Arnaldo Agostinho Sottani, a respeito do episódio em que foi preso em Catalão (GO), sob suspeita de associação com o tráfico de drogas. O policial foi detido no dia 25 de outubro de 2010, continua respondendo processo, porém ganhou a liberdade no dia 22 de fevereiro deste ano. Foram quatro meses preso em Goiás.
Em entrevista exclusiva ao MidiaNews, Sottani afirmou que vai avaliar se continuará na Polícia Civil, ao assinalar que a prisão abalou por completo sua imagem – inclusive, afetou toda a sua família. Ele reafirmou ser inocente e que foi preso sem apreensão de droga, escuta e uma investigação. "A Constituição proíbe prender para investigar; você tem que investigar para depois prender", declarou.
O delegado se mostrou revoltado com o tratamento que a Polícia Civil de Mato Grosso deu ao seu caso, ao afirmar que, em nenhum momento dos quatro meses de prisão, recebeu amparo por parte da instituição.
"Eu não recebi nenhuma pessoa lá, nem da imprensa, nem do Governo para me perguntar o que estava acontecendo comigo. A própria Polícia Civil não quis me defender", afirmou.
Ele ressaltou que recebeu a visita de um corregedor da Polícia Civil, um mês após sua prisão, para instaurar um processo administrativo, quando foi interrogado. "Não recebi uma comissão para saber o que estava acontecendo comigo, para saber se estava comendo, se estava separado dos outros presos", disse.
Quanto às declarações do corregedor-geral da Polícia Civil, delegado Gilmar Dias Carneiro, que afirmou que Arnaldo Sottani não teria sido preso "à toa", o policial disparou: "A Corregedoria deveria, primeiro, saber o que estava acontecendo, ter acesso ao processo, para depois fazer uma declaração dessa. A meu ver, é uma declaração infeliz".
Punição
Arnaldo Sottani revelou que, após ser chamado para retornar ao trabalho, na cidade de Comodoro (644 km a Oeste de Cuiabá), foi oficializado que será transferido para a cidade de Colniza (1.065 km a Noroeste).
Ele encara essa mudança como uma punição por parte da Polícia Civil. "Transferência de forma injusta, porque, querendo ou não, meu processo não terminou, ele está em andamento e estou sendo punido com uma transferência. Uma transferência punitiva", disse.
Armação
Sottani se diz vítima de uma armação por parte dos delegados de Goiás, que, segundo ele, estariam buscando "aparecer" para os superiores, em busca de promoções. "O que eles fizeram foi que, no final de ano, querendo aparecer, querendo promoções, em época de mudança de Governo, me prenderam para aparecer. E, por tabela, a minha diretoria e a Secretaria de Segurança Pública de Mato Grosso acabaram se acovardando", afirmou.
A respeito da falta de informações e de todo mistério que havia em torno de sua prisão, Arnaldo Sottani declarou: "O mistério é que não tinham nada para mostrarem para vocês [jornalistas]. Ficava aquele mistério… Eles não tinham um auto de interrogatório, uma investigação, eles não tinham nada para mostrar. Não tem nada, eles precisavam de alguma coisa para mostrar".