Até o final de março deste ano pacientes do Hospital Federal de Ipanema, no Rio de Janeiro, começarão a participar da fase decisiva de testes de um novo medicamento quimioterápico para tratamento do tipo mais comum e letal de tumor cerebral maligno. O produto, pesquisado, desenvolvido e patenteado pela Universidade Federal Fluminense, aumenta a sobrevida dos doentes e as perspectivas de êxito no tratamento.
Conforme a literatura científica, o tumor responde por 56% dos casos de tumores cerebrais malignos. Embora ainda em testes, o medicamento é capaz de aumentar a sobrevida em de quatro meses a um ano. Tempo precioso para a continuidade dos tratamentos de quimioterapia e radioterapia.
Essa participação se deve a um convênio firmado com a UFF, em dezembro, que tornou o Hospital de Ipanema a unidade de referência na rede federal no tratamento e no estudo desse tumor.
Os serviços de Neurocirurgia, Anatomia Patológica, Imagenologia e Oncologia da unidade darão toda a assistência aos pacientes. Já os exames de patologia molecular serão feitos pelo laboratório da universidade, explica o diretor da unidade, Geraldo Di Biase.
– A importância dessa parceria com a Universidade Federal Fluminense é que nós já estamos entrando numa fase bem adiantada desse projeto, que se mostra bastante promissor. Isso demonstra mais uma vez o pioneirismo do Hospital de Ipanema em aderir a novas iniciativas, nesse caso, com foco visando o sucesso no tratamento dos pacientes portadores dessa doença.
O chefe do Serviço de Neurocirurgia do hospital, Júlio César Thomé, explica que serão feitos exames com monitoramento do DNA e de outras substâncias das células cancerosas para estudar o perfil e a evolução dos tumores. Para ele, isso será fundamental para compreender e tratar melhor esses tumores, além de possibilitar o desenvolvimento de pesquisas e teses.
– Até dezembro de 2012 teremos cerca de 20 projetos de pesquisa em andamento, com teses de mestrado e doutorado.
Segundo Thomé, o novo quimioterápico, cujo nome é Monoterpeno Álcool Perílico, atua no DNA das células cancerosas e provoca bem menos efeitos colaterais. Thomé ressalta que, ao invés de eliminar sumariamente essas células, o medicamento age em uma proteína da membrana de cada uma delas para interferir na programação genética e abreviar seu ciclo de vida. Ou, simplificando, é um processo de ‘indução ao suicídio’ das células cancerosas.