Em um discurso objetivo e realista, o desembargador Rubens de Oliveira, presidente do Tribunal de Justiça de Mato Grosso, destacou hoje, durante sua posse, os problemas por que passam o Poder e os desafios e perspectivas para revolvê-los.
Ele admitiu o forte desgaste do Judiciário e suas "mazelas". "A ninguém é permitido ignorar que, nos últimos anos, a Justiça neste Estado também foi atingida por acontecimentos que desgastaram parte de sua imagem e reputação. Na mesma toada, a imagem de seus magistrados, pois a sociedade vincula a instituição com seus componentes.
Lamentavelmente, vivemos em um momento da história em que o agente político e apontado como inimigo, pelo simples fato de ser autoridade", disse.
O novo presidente do TJ-MT também criticou a imprensa, taxando-a de "sensacionalista" durante a cobertura da crise recente do Poder. "A Justiça foi objeto de notícias negativas, muitas vezes exploradas de maneira sensacionalista e com venalidade, buscando mais o escracho do que informar com exatidão e qualidade".
Apesar disso, com serenidade, admitiu os problemas do Judiciário: "Foram veiculadas as mazelas, as deficiências, os problemas estruturais, bem assim nossos embates internos".
E apontou a solução para a reversão do quadro. "Cabe-nos, isto sim, edificar nova realidade. Temos que mudá-la sem mais demora", disse.
Avião em turbulência
O desembargador Rubens de Oliveira ainda utilizou-se de uma metáfora para externar sua visão do Poder Judiciário.
"Uma metáfora persegue minha mente: imaginemos um avião lotado de passageiros, em pleno vôo. Essa aeronave é o Judiciário. Passamos por área de grande instabilidade, nuvens negras, turbulência gravíssima. O risco de acidente é iminente. Pode atingir-nos a todos: passageiros e tripulantes. Como comandante dessa aeronave, desejo meu é conduzi-la sã e salva ao destino. Cassa não consigamos, ninguém será poupado, pois desastres dessas proporções não costumam deixar sobreviventes".