O diretor da Cadeia Pública de Cáceres (225 Km a oeste de Cuiabá), Cleiton Norberto da Silva, não sobreviveu no comando da crise iniciada em dezembro naquele presídio onde já foi localizado até um mini laboratório de refino de cocaína e sua direção sucumbiu neste final de semana, após ocorrer no local duas fugas em 18 dias, onde 39 detentos fugiram por dois túneis.
A exoneração do servidor do cargo em comissão de Direção Geral e Assessoramento, foi assinada pelo governador Silval Barbosa no mesmo dia da última fuga de 15 presos, ou seja, sexta-feira (25), e publicada no Diário Oficial que circula nesta segunda-feira. A decisão diz que ele não é mais diretor daquela cadeia a partir de hoje (28).
A publicação traz ainda a nomeação de Lúcio Mauro Leite Lindote, para ocupar a partir de amanhã (1º) o cargo e pelo menos tentar apaziguar a crise da Cadeia classificada como uma "bomba-relógio" prestes a explodir, conforme o próprio agora ex-diretor Cleiton já havia dito dias atrás em entrevista à imprensa. Lúcio foi nomeado no mesmo dia 25 pelo chefe do Executivo Estadual cuja decisão também está publicada no Diário Oficial de hoje (28).
A crise estrutural da unidade iniciou em dezembro, quando a polícia encontrou um mini laboratório de refino de cocaína dentro de uma cela e foi descoberta a entrada de adolescentes dentro da cadeia para prática de sexo com os presos. Ao todo, 39 fugiram do presídio este mês. Após a 1ª fuga, de 24 presos, foragidos acusaram a direção da Cadeia de aceitar dinheiro para facilitação da ação. Cada um teria pago R$ 5 mil para que a construção de um túnel fosse consentida pelos agentes prisionais.
A última fuga foi na sexta-feira (25) quando mais 15 presidiários fugiram utilizando novamente um túnel. Vale dizer que o estabelecimento prisional abriga 420 detentos, o dobro de sua capacidade, de forma insalubre e sem segurança.
No começo deste mês, Cleiton e o juiz Carlos Roberto de Campos solicitaram escolta à Secretaria do Estado de Segurança Pública. Eles denunciaram que estavam sendo ameaçados de morte. Segundo Cleiton, as ameaças eram feitas por telefone e pessoalmente. Problemas de superlotação e medidas tomadas na entrada de celulares e pessoas dentro da unidade teriam ocasionado a intimidação.