Bateria da Portela estica paradinha para homenagear “vida e morte” da escola

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Se a bateria é considerada o coração de toda escola de samba, a Portela vai parar o seu órgão vital por muitos segundos no desfile deste ano. Mais do que uma paradinha, a ousadia do mestre Nilo Sérgio vai homenagear a recuperação da azul e branco de Oswaldo Cruz e Madureira após o incêndio que destruiu 2.500 fantasias e o barracão da agremiação na Cidade do Samba.

Nilo Sérgio explica que bateria vai representar "a vida e a morte” da Portela. Os 300 ritmistas, que perderam parte da fantasia nas chamas, vão ficar agachados com os instrumentos parados no chão. Depois de alguns segundos em silêncio, fogos de artifício vão anunciar uma explosão de alegria e os donos do batuque voltarão a tocar com muita garra e vontade.

Por causa do incêndio, a Portela não vai ser julgada neste Carnaval. Longe do fantasma do rebaixamento, Nilo Sérgio reconhece que a novidade da bateria poderia atrapalhar o desempenho da azul e branco, caso ela ficasse sob os olhares dos jurados na primeira noite de desfiles.

– A paradinha vai ser mais longa do que os jurados esperam na Sapucaí. Tudo que é novo demora ser aceito pelo júri. Mas a homenagem da Portela vai dar certo e pode abrir portas para que o mesmo aconteça nos outros anos.

Mar, misterioso mar

A águia de Oswaldo Cruz e Madureira já abocanhou 21 títulos do Carnaval carioca, marca que ainda não foi alcançada por nenhuma outra escola de samba. Mas, há 27 anos, a Portela não sente o gosto da vitória. O presidente da azul e branco, Nilo Figueiredo, lamenta o episódio do incêndio que tirou a chance da escola brigar pelo campeonato deste ano.

– Estávamos com sede de vitória e preparávamos um desfile a altura da conquista do título, mas vamos levar muita emoção e garra para a Marquês de Sapucaí.

A garra vai ficar por conta dos 4.000 componentes que vão defender o enredo Rio, Azul da Cor do Mar. O diretor geral de harmonia da Portela, Alex Fab, conta que agremiação vai mostrar as aventuras e as descobertas dos grandes navegadores e homenagear os 100 anos do porto do Rio.

– O Rio atravessa um bom momento de esperança com a revitalização do porto. E a Portela não vai deixar isso passar em branco.

As rotas de navegação e as conquistas dos navegadores vão ser exploradas pelas 31 alas da azul e branco. Mas uma delas promete emocionar o público na avenida. Alex Fab revela que os componentes da ala “Banzo, navio negreiro” vão encenar o sofrimento dos negros escravos que eram arrancados de suas terras e viajavam em embarcações lotadas e sem higiene.

– Os componentes vão teatralizar a dor dos negros que viajavam semanas em navios com muita sujeira. Além disso, eles eram castigados e maltratados dentro dos navios. A nossa ala vai encenar isso tudo com muita emoção na avenida.

CARRO_PORTELA_R7

Enredo vai homenagear os 100 anos do porto do Rio de Janeiro

Estrela guia da Portela

Considerada uma das escolas mais tradicionais do Rio, a Portela vai colocar a sua águia azul e branco na companhia de monstros marinhos e muitos peixes. Alex Fab conta que o símbolo da escola virá no abre-alas representando as estrelas que guiavam os aventureiros das grandes navegações.

– O carro abre-alas virá representando a constelação Áquila, que também significa águia, que guiava os navegantes na era dos descobrimentos. No desfile, a nossa águia vai guiar os quatro mil portelenses que lutam pela escola.

A luta da Portela começou no dia seguinte ao incêndio na Cidade do Samba. A diretoria da escola usou a ajuda de R$ 750 mil doada pela prefeitura do Rio para reconstruir as fantasias e as esculturas dos oito carros alegóricos que a azul e branco vai levar para Marquês de Sapucaí.


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