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O cenário da dengue corre o risco de piorar em 2011 diante da ameaça de introdução, no Estado, do sorotipo 4 do vírus que provoca a doença. Devido aos casos detectados em Roraima, Amazonas e Pará, a Secretaria Estadual de Saúde (SES) – que prevê diminuição dos casos de dengue em comparação com 2010 – admite que uma eventual inserção do novo sorotipo em Mato Grosso ocasionaria um aumento expressivo no número de casos, com gravidade imprevisível.
O superintendente de Vigilância em Saúde do Estado, Oberdan Lira, explica que ainda há pouca informação sobre o sorotipo 4 da dengue e que o próprio Ministério da Saúde desconhece o comportamento desse vírus específico. De imediato, segundo o superintendente, o que se pode prever é que o sorotipo causaria um aumento no volume de casos, mas não se sabe ainda qual seria gravidade da doença.
Isso porque o Estado nunca registrou a ocorrência do sorotipo 4, sendo inviável saber como ele age em organismos de pessoas que já contraíram a dengue por outros sorotipos. Basta uma pessoa infectada entrar no Estado e ser picada pelo mosquito transmissor (Aedes aegypti) para o sorotipo se espalhar.
O vírus da dengue é encontrado em quatro sorotipos, sendo que os três já circularam em Mato Grosso. E recentemente o Estado sofreu com a experiência de reinserção de um sorotipo. Em 2009, o sorotipo 2 voltou a circular em Cuiabá e Várzea Grande. O ano fechou com o maior número de casos registrados desde 2007 e com o maior número de ocorrências graves.
Isso aconteceu num cenário em que parte significativa da população já havia contraído outros sorotipos do vírus da dengue. A doença se manifesta de forma muito mais grave nesses casos. O sorotipo 4 foi identificado no ano passado em Roraima e, este ano, casos já apareceram em estados vizinhos como Amazonas e Pará.
Caso o sorotipo 4 não adentre no território mato-grossense, o governo tem uma previsão de menos casos para 2011. Segundo Lira, o prognóstico estará consolidado daqui a quatro meses, mas espera-se menor número de casos pelo fato de 2010 ter atingido um "pico" (mais 45 mil ocorrências).
De maneira simplória, seria como dizer que o contágio da doença atingira sua cota, mas o Estado mantém a atenção especialmente para crianças e idosos e com as cidades do interior que ainda não registraram o sorotipo 2 e podem aumentar o número de casos.
Cuiabá, a única representante mato-grossense entre as 70 cidades brasileiras com alto risco de epidemia este ano, também não sai do foco da SES, diz Lira. Na Capital, larvas do Aedes aegypti foram constatadas em 6,4% dos imóveis. Em todo o Estado, o índice de infestação está na média de 1,36%.
Estado
Embora Cuiabá seja a única cidade de Mato Grosso na lista nacional de alto risco de epidemia, a gravidade da doença no Estado foi abordada em reunião entre o Ministério da Saúde e o atual titular da SES, Pedro Henry.
Na semana que vem, o secretário deverá divulgar mudanças no plano de contingência a ser aplicado em Mato Grosso este ano. Entre 1º de janeiro e ontem, o Estado registrou 661 casos de dengue, sendo 72 em Cuiabá. Não houve registros de casos graves nem de mortes em decorrência da doença. As notificações no mesmo período do ano passado foram de 8.131 casos.
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