Quase metade dos cuiabanos sofre de disfunção erétil (incapacidade de manter uma ereção do pênis); a doença atinge 48% dos homens da capital mato-grossense. O índice é superior a média nacional, que é de 44%, como aponta o levantamento realizado pela sociedade Brasileira de Urologia (SBU). A baixa procura junto à urologistas para tratar do problema, pode ser um dos fatores que explicam a elevada quantidade de cuiabanos com a doença.
São poucos os homens conscientizados sobre a importância do acompanhamento urológico. Apenas 23% deles fazem consultas regulares com profissionais da área, conforme a pesquisa.
O presidente da Sociedade Brasileira de Urologia, Modesto Jacobino, observa que a disfunção erétil tende a não ser vista como algo preocupante, ainda mais depois da revolução causada pelo surgimento das pílulas que mantém a ereção como o Viagra.
"As pílulas como Viagra, Cialis e Levitra são alternativas para resolver o problema imediatamente, porém, se usadas sempre, sem acompanhamento médico podem prejudicar a saúde do homem, pois ele tende a desenvolver uma espécie de dependência psíquica, não conseguindo ter relações sexuais caso não tome o remédio. Isso não é nada bom", revelou Modesto.
Com a dependência psíquica o desejo de tomar o medicamento transforma-se em necessidade, que se não satisfeita, pode levar a pessoa a um profundo estado de angústia ou depressão.
Casado há 12 anos, o comerciante Ricardo, 49 anos, quase viu seu casamento desmoronar por conta do uso compulsivo das pílulas que combatem a impotência sexual. Com bastante ressalvas para falar, ele conta que depois de sete anos de casamento começou a ter dificuldades em manter relações sexuais com a esposa.
"Não faltava desejo, o problema era que na hora ‘H' falhava, entende? A cada vez que isso acontecia eu ficava mais nervoso", relatou.
Com vergonha da situação achou melhor "resolver" o problema por conta própria e passou a tomar pílulas contra a disfunção sem prescrição médica. "Comprar não é problema, pouquíssimas são as farmácias ou drogarias que cobram receita. No começo foi ótimo, porém, após uns quatro meses, as coisas começaram a mudar".
Ele disse que a esposa não vinha mais conseguindo "acompanhar o ritmo" – uma pílula pode deixar o pênis ereto por várias horas – e incomodava constantemente, ao mesmo tempo que as brigas foram se tornando corriqueiras. "Eu custei a aceitar, mas ela me convenceu a procurar um urologista. Ele me disse que meu problema era decorrente de fatores emocionais causados por ansiedade e stress e que não precisava ser tratado com pílulas, pelo menos no início".
Algumas sessões de psicoterapia depois, em torno de três meses, a vida sexual do casal voltou a ser saudável.
Pesquisa
Os dados foram colhidos pela Sociedade Brasileira de Urologia durante a passagem da caravana do Movimento pela Saúde Masculina por 22 cidades brasileiras, entre 31 de março a 5 de setembro deste ano. Foram realizados ao todo 9.982 atendimentos.
A caravana esteve presente em Cuiabá por 3 dias, de 10 a 13 de junho, na praça da República e 515 homens foram entrevistados. A disfunção erétil caracteriza-se pela incapacidade de obter e manter ereção suficiente para "levar a cabo" o ato sexual.
Sem estímulo sexual o pênis permanece flácido ou relaxado. O problema acontece quando ocorre alguma falha durante o processo de ereção. Quando o "gatilho erótico" do cérebro é disparado por estímulos – cheiro, visão, som, toque ou memória – uma série de reações é desencadeada para que o pênis fique rígido.
Por meio de "mensagens" comandadas pelo cérebro, os corpos cavernosos do órgão genital masculino enchem-se de sangue – o que deixa o pênis ereto. As veias internas são comprimidas para evitar a saída de sangue. Qualquer problema nessa reação em cadeia pode culminar numa disfunção erétil.
Os tratamentos para a impotência são tão variados quanto as suas causas. A única coisa que todos têm em comum é que não podem ser feitos sem acompanhamento médico, sob o risco de piorar a situação, ou até de provocar estragos maiores. Para tratar da disfunção os procedimentos médicos mais utilizados são a psicoterapia, os dispositivos mecânicos externos, os medicamentos (que podem ser por via oral ou por injeções locais) e as cirurgias.