O empresário José Carlos Biancardini Jorge, o popular Cacalo, preocupado com a degradação do Rio Cuiabá, Pantanal e o risco de extinção de espécies de peixe da região, fez um apelo para que o governador reeleito Silval Barbosa (PMDB) desenvolva políticas para solucionar os problemas que assolam a existência do meio ambiental do complexo.
Ao analisar estudos recentes que demonstram a queda nas populações de várias espécies de peixes, Cacalo sugeriu uma ação radical, que seria a de "fechar" o Rio Cuiabá e a região do Pantanal para qualquer tipo de pesca, durante um período em que políticas específicas fossem elaboradas e implantadas.
"Tem que dar um basta nisso e fazer uma força tarefa. Não só o Governo Estadual, mas o federal e os municipais também. R etirar a pesca imediatamente e proibir o transporte dos peixes do Rio Cuiabá e Pantanal, hoje é transportado caminhões de peixe, tiram toneladas e toneladas de peixe, isso tem que proibir imediatamente", sugeriu.
"O Rio Cuiabá está acabando, o Pantanal está acabando e agora os peixes estão acabando. Biólogos já estão alertando que o Pacu, espécie de peixe da nossa região, está entrando em extinção. O esgoto continua caindo no rio e o mais agravante são as usinas hidroelétricas sem ‘escada', o que impede o peixe de reproduzir", denunciou Cacalo.
Ele ainda declarou que os investimentos da Copa do Mundo de 2014, em que Cuiabá será uma das sedes, deveriam contemplar o meio ambiente, em especial, a "salvação" do Rio Cuiabá e do Pantanal. "As obras da Copa são muito bonitas, fazer trincheira, viadutos, todo mundo aceita isso, mas e ai quem vai salvar o rio e salvar os peixes? Estão acabando com um santuário que é patrimônio da humanidade", disparou.
Extinção
Estudos do ictiólogo Francisco Machado, divulgado pelo jornal A Gazeta, apontam que várias espécies de peixe da região, inclusive, o pacu, serão extintos no prazo de médio de dez anos. Os barramentos de grandes e pequenas hidrelétricas, o aumento de pescadores amadores e profissionais e a soltura de espécies de peixes criados em laboratório, chamados de "híbridos" são algumas questões preocupantes.
Entre as causas do fim do pacu, segundo estudos de Francisco Machado, tem sido evidente os males causados pelas 29 barragens em operação (7 usinas hidrelétricas, 16 pequenas centrais hidrelétricas e 6 mini hidrelétricas) distribuídas pela BAP (Manso, Itiquira, Correntes e no São Lourenço).
Além de desequilibrar os pulsos de cheias e secas anuais e interanuais que regem o funcionamento ecológico do sistema Pantanal, os barramentos são construídos nas cabeceiras como é o caso da Usina de Manso e em corredeiras e pontos de cachoeiras dos rios, locais preferidos dos peixes quando sobem para se reproduzirem.
No caso da PCH's, Francisco Machado comenta que mesmo que sejam a fio d'água, de reservatórios bem pequenos e que tenham mecanismos de transposição de peixes, as barragens sempre serão um empecilho para os peixes ainda bem pequenos, em forma de larvas.
Cacalo afirmou que há mais de 20 anos vem denunciando o descaso com o rio, mas nada foi feito, ao ressaltar que uma das saídas, além do fechamento da pesca, seria uma fiscalização eficiente a questão da pesca predatória. "Agora estudiosos estão apontando que o pacu está sendo extinto, isso que temos que ver, o peixe vai acabar. Fecharam a linha natural da reprodução e estão matando a vida, quem vai pagar por isso?", questionou.