Os números finais da safra sucroalcooleira de Mato Grosso, divulgados pelo sindicato dos usineiros, trazem surpresas: queda de 4,97% na produção de cana-de-açúcar, 3,53% na de etanol e de 6,67% na produção de açúcar. Apesar dos bons preços pagos aos usineiros, o resultado preocupa porque a safra do próximo ano ainda é uma incógnita devido à estiagem prolongada que prejudicou os canaviais e está dificultando a brota da planta cortada.
Mesmo assim, de acordo com o Sindicato das Indústrias Sucroalcooleiras do Estado (Sindálcool), há estoques suficientes para a virada da entressafra e o abastecimento está garantido até o início da próxima colheita, de março em diante.
Faltando apenas uma usina – a Itamarati, em Nova Olímpia – para encerrar o ciclo de esmagamento em 2010, a produção mato-grossense de cana-de-açúcar deverá recuar de 14,10 milhões de toneladas, na safra passada, para 13,40 milhões de toneladas, este ano. Já a produção de etanol (hidratado e anidro) alcançará 820 milhões de litros, contra 850 milhões de litros na safra anterior. Açúcar terá sua safra reduzida em 30 mil toneladas, de 450 mil para 420 mil toneladas.
Segundo o diretor executivo do Sindálcool, Jorge dos Santos, os estoques de álcool estão assegurados e a única preocupação é com a safra do ano que vem. "Com a estiagem deste ano, boa parte dos canaviais não tiveram a produção esperada. Mas ainda esperamos que os canaviais se recuperem porque o regime de chuvas foi restabelecido". As áreas mais afetadas este ano pela seca foram Barra do Bugres e Nova Olímpia, na região do Médio Norte, e Quatro Marcos (Grande Cáceres), onde a cana está no chão. "Nessas regiões a planta não desenvolveu quase nada", informou Santos.
A produção mato-grossense de etanol, no mercado interno, tem como destinos também São Paulo, Paraná, Goiás, Rondônia, Acre, Amazonas e Pará. Já o açúcar é direcionado aos mercados de São Paulo, Paraná, Goiás, Rondônia, Acre, Pará e Amazonas. Mato Grosso possui contratos externos também para a entrega de açúcar a alguns países da América do Sul, Ásia, África e Europa.
ETANOL HIDRATADO – O mercado de etanol começa a ganhar contornos mais organizados. O Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea) e a BMF&Bovespa lançaram um indicador diário para o etanol hidratado, que está sendo usado na liquidação de contrato futuro desse produto pela Bolsa paulista. O objetivo é apoiar a comercialização do produto no mercado interno e oferecer mais uma alternativa de aquisição.
O indicador é diário e tem formação de preço em Paulínia (SP), por ser referência em distribuição de combustíveis no Brasil. Ele está sendo calculado a partir de informações de preços fornecidas por produtores de etanol, distribuidoras de combustíveis e corretores.
De acordo com Jorge dos Santos, em todo o país os contratos vêm crescendo com vigor, porém, em Mato Grosso, há pouco interesse das usinas em função da questão da logística para os grandes centros. "Como estamos distantes dos grandes consumidores, não está havendo procura dos mato-grossenses em participar do mercado futuro", explicou.