Otaviano Pivetta, um dos reis do agronegócio mato-grossense, entrou na Assembleia como deputado, em fevereiro de 2007, com a sensação de que poderia marcar posição, mudar ideias e conceitos sobre o papel do Legislativo. Quatro anos depois, deixa a cadeira completamente frustrado. Em seu mandato, tomou iniciativas inéditas, como a de divulgar no seu site todas as despesas de gabinete e a relação de assessores. Não aceitou receber salário nos quatro períodos em que esteve de licença, quando abriu vaga para os suplentes Wilson Kishi, Carlos Brito, Erival Capistrano e Alcino Barcelos.
Por outro lado, ficou isolado quanto tentou fazer oposição ao grupo liderado pelo deputado cassado José Riva (PP), que conquistou de novo mandato nas urnas, inclusive como campeão de votos (93.594). A cada investida de Pivetta sobre a Mesa Diretora, principalmente quando se cobrava abertura dos números da Assembleia, com divulgação do quadro de servidores e seus salários e detalhes das despesas que consomem mensalmente R$ 18 milhões, surgiam, ao mesmo tempo, armações e denúncias para contrapô-lo, deixando-o impotente politicamente.
Até então, Pivetta tinha experiência pública no Executivo. Foi prefeito de Lucas do Rio Verde por dois mandatos. Como não se interessou mais pelo Legislativo, entrou como candidato a vice-governador da chapa do também empresário Mauro Mendes (PSB). O grupo deixou no maior sufoco o Palácio Paiaguás, sob o governador Silval Barbosa (PMDB), que conseguiu se reeleger. A chapa Mendes-Pivetta ficou em segundo lugar. Pivetta agora conta os dias para deixar o cargo de deputado. Ficou tão desiludido com o "fazer política" que não pretende nem continuar como presidente regional do PDT. Volta a cuidar dos negócios empresariais.
Embora tenha havido renovação de 40% das cadeiras na Assembleia, o perfil dos novos deputados pouco muda em relação a atual legislatura. Junto com Pivetta saem os democratas Dilceu Dal Bosco, Chica Nunes e Gilmar Fabris, os peemedebistas Adalto de Freitas e Antonio Brito e o petista Ságuas Moraes, além de Vilma Moreira (PSB), Pedro Satélite (PPS) e Maksuês Leite (PP). Catorze conseguiram a reeleição e três que já foram deputados em outros períodos retornam à AL a partir de 1º de fevereiro.
Vão estrear como deputados Dilmar Dal Bosco, Zeca Viana, Luciane Bezerra, Baiano Filho, Teté Bezerra, Luiz Marinho e Ezequiel Ângelo da Fonseca. Curiosamente, mudam-se os personagens, mas a linha e as práticas continuam as mesmas. Dos 24, ao menos 22 vão continuar governistas, o que dificultam o exercício de uma das principais atribuições do parlamentar: a de fiscalizar os atos do Executivo. Silval tem do seu lado as bancadas do PR, com 6 cadeiras; do PP e do PMDB, ambas com 5, e do PT (1). Os demais, embora tenha sido eleitos por grupos de oposição, sinalizam para convivência harmônica.