Pequenas variações em uma proteína que alerta o sistema imunológico da presença de infecção pode ser a base da rara capacidade de alguns indivíduos de controlar a infecção pelo HIV, sem a necessidade de medicamentos.
Uma equipe de pesquisa liderada por investigadores do Instituto Ragon do Massachusetts General Hospital e do Instituto Broad do MIT e de Harvard descobriu diferenças encontradas em cinco aminoácidos de uma proteína chamada HLA-B que podem controlar os níveis virais somente com a ação de seu sistema imunológico.
A proteína HLA-B é essencial para o processo pelo qual o sistema imunológico reconhece e destrói as células infectadas pelo vírus. Normalmente, a HLA-B agarra segmentos de proteínas chamadas peptídeos virais que estão dentro da célula e os transporta para a membrana celular, onde essencialmente enfraquece a célula infectada.
Segundo Bruce Walker, diretor do Instituto Ragon e autor do artigo da Science, dos três bilhões de nucleotídeos no genoma humano, apenas um punhado faz a diferença entre aqueles que podem se manter saudáveis, apesar da infecção pelo HIV e aqueles que, sem tratamento, irão desenvolver Aids.
– Nosso trabalho demonstra que essas variantes poderia fazer uma diferença crucial na capacidade do indivíduo em controlar o HIV mudando a forma como o HLA-B apresenta peptídeos deste vírus ao sistema imunológico.
A descoberta para Walker mostra que “o HIV está lentamente revelando seus segredos”.
– Saber como uma resposta imune eficaz contra o HIV é gerada é um passo importante para replicar essa resposta com uma vacina. Temos um longo caminho a percorrer antes de traduzir isso em um tratamento para pacientes infectados e uma vacina para prevenir a infecção, mas é um importante passo mais próximo disso.
Centenas de controladores (pessoas infectadas pelo HIV, que não desenvolvem a Aids) participaram do estudo realizado em Boston, sede da Universidade de Harvard.
O co-autor do estudo, Paul de Bakker, do Instituto Broad e do Brigham and Women's Hospital, afirma que estudos anteriores mostraram que certos genes envolvidos com o sistema HLA foram importantes para controlar o HIV.
– Mas eles não poderiam nos dizer exatamente quais genes estavam envolvidos e como eles produziram essa diferença. Nossos resultados nos levam não só a uma proteína específica, mas a uma parte do que a proteína que é essencial à sua função.
Segundo os pesquisadores, por quase duas décadas, uma pequena minoria – cerca de um em 300 – dos indivíduos infectados com HIV eram naturalmente capazes de suprimir a replicação viral com o sistema imunológico, mantendo a carga viral a níveis extremamente baixos.