Dados divulgados nesta sexta-feira (15) pelo Inca (Instituto Nacional do Câncer) indicam que cerca de 11 mil mulheres morrem de câncer de mama por ano no Brasil, o que representa 2,5% das mortes femininas no país. Espera-se que 500 mil novos casos de câncer sejam detectados em 2010 e 2011, com 49 mil casos relacionados à mama.
Desde 2005, a política de tratamento de câncer no Brasil colocou como prioridade o controle do câncer de mama. O país vem trabalhando com sucesso neste processo, embora seja descentralizada entre as esferas de governo. Nos últimos 12 meses, o Brasil pagou 1,8 milhões de mamografias pelo SUS (Sistema Único de Saúde), mas apenas 50% foram feitas por mulheres de 50 a 69 anos.
No Rio de Janeiro, Estado com maior incidência da doença, de cada 100 mil mulheres com qualquer tipo de câncer, 16,8 morrem anualmente sem conseguir nenhuma forma de tratamento. Os dados foram divulgados na cidade do Rio de Janeiro, em seminário realizado pelo Inca.
Para diminuir esta incidência, o Inca elaborou sete recomendações, baseadas em estudos científicos, para que as mulheres e a sociedade fiquem em alerta para detecção precoce do câncer de mama.
1ª – Toda mulher deve ter amplo acesso à informação com base científica e de fácil compreensão sobre o câncer de mama.
2ª – Toda mulher deve ficar alerta para os primeiros sinais e sintomas do câncer de mama e procurar avaliação médica.
3ª – Toda mulher com nódulo papável na mama e outras alterações suspeitas deve ter direito a receber diagnóstico no prazo máximo de 60 dias.
4ª – Toda mulher de 50 a 69 anos deve fazer mamografia a cada dois anos.
5ª- Todo serviço de mamografia deve participar de programas de qualidade. A qualificação, quando obtida, deve ser exibida em local visível às usuárias.
6ª- Toda mulher deve saber que o controle de pesos corporal e da ingestão de álcool, além da amamentação e da prática de atividades físicas, são formas de prevenir o câncer de mama.
7ª – A terapia de reposição hormonal, quando indicada na pós-menopausa, deve ser feita sob rigoroso acompanhamento médico, pois aumenta o risco de câncer de mama.
Segundo Luiz Antonio Santini, diretor do Inca, todas essas medidas são simples e podem ser tomadas pelo sistema público de saúde porque não são medidas exclusivamente de natureza institucional, ao contrário, requerem atenção de toda a sociedade.
– Para que essas recomendações sejam efetivas, é preciso engajamento de todos os segmentos da sociedade, para compreender o papel de cada um com relação às responsabilidade para se alcançar as metas.
Para prevenir o câncer de mama, Ana Ramalho, Coordenadora da Divisão de Atenção da Rede Oncológica do Inca, destaca que as mulheres devem controlar o peso (o que é difícil depois dos 40 anos), manter atividade física frequente, evitar ingestão de bebidas alcoólicas e de cigarros.
Metas para detectar o câncer de mama
A meta brasileira é chegar a 60% da faixa etária alvo para prevenção do câncer de mama (de 50 a 69 anos). Atualmente, o Brasil cobre apenas 25% dessas mulheres.
Para que essa meta possa ser alcançada, baseada nos estudos existentes, a recomendação é que toda mulher acima dos 50 anos faça exame clínico da mama todos os anos. No entanto, para quem tem histórico familiar de câncer de mama, o exame deve ser feito desde os 30 anos. De acordo com o diretor do Inca, um estudo feito pela força tarefa dos Estados Unidos mudou dos 40 para os 50 anos a idade indicada para iniciar a prevenção anual.
– Não é uma recomendação baseada em especulação, mas sim em evidências científicas.
Câncer de mama no Brasil
O Brasil produz a cada ano 2,9 milhões de mamografias, com intenção de alcançar 1,2 milhões de exames para a faixa etária prioritária (50 a 69 anos), afirma Ana.
– Essa meta, que era para os 12 meses de 2010, já foi alcançada de janeiro a junho em Roraima.
Em nove Estados do país já estão sendo implantadas medidas para garantir a qualidade dos serviços de mamografia. Em Curitiba, está sendo montado um programa pioneiro para verificar o padrão dos exames, buscando oferecer serviços de alta qualidade.
Entre 2000 e 2007, aumentou em 118% a produção de mamografias no país, passando de 1,3 milhões para 2,9 milhões. O câncer de mama é o tumor que mais mata as mulheres, causando cerca de 11 mil óbitos por ano, principalmente no Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Distrito Federal e São Paulo.