A Igreja Assembleia de Deus mostrou a sua força política nas urnas. Seus dirigentes conduziram o rebanho de aproximadamente 200 mil membros para uma campanha proporcional "casada", com o já deputado estadual Sebastião Rezende como candidato ao terceiro mandato e o suplente Victório Galli (PMDB) numa nova disputa à Câmara Federal.
Rezende deu um salto em votação. Renovou assento no Legislativo mato-grossense com 51.552 votos. Victório só não teve desempenho eleioral melhor por causa do cacique do seu partido, deputado Carlos Bezerra, que priorizou a própria candidatura à reeleição. Mesmo assim, chegou a 54.387. A votação parecida dos evangélicos Rezende e Victório é um sinal de que a maioria dos fiéis eleitores reproduziu nas urnas a senha revelada pela cúpula da Igreja.
Na primeira disputa, em 2002, Rezendo se elegeu pelo PTB com 17.610 votos. Quatro anos depois, pelo PPS, chegou a 35.521. Agora concorreu pelo PR e garantiu 51.552 votos. Sua Igreja chegou a estudar a hipótese de lançar também um nome ao Senado. Seria o vereador por Várzea Grande Antonio Cardoso. Mas, como percebeu dificuldades para viabilizar o projeto majoritário, priorizou os proporcionais.
Já as demais Igrejas saíram derrotadas. O apóstolo Valdemiro Santiago, da Mundial do Poder de Deus, lançou os missionários Israel Silva Borges, o Israel Rolamentos (DEM), para deputado federal e Oneir de Campos Brito (PMDB) para estadual. Valdemiro se expôs tanto, que apareceu no horário eleitoral, pedindo voto para os dois. Acreditava que os cerca de 180 mil fiéis distribuídos em 107 igrejas da Mundial em Mato Grosso fossem levar a sério a mensagem política. Israel conseguiu apenas 12.298 votos. Brito chegou a 7.447. Foram reprovados nas urnas.
A Universal do Reino de Deus decidiu vetar o pastor e deputado Antonio Brito (PMDB) para lançar o também pastor Alexandre Muniz, do PRB, legenda fundada por representantes da própria Universal, do bispo Edyr Macedo. Para federal, apostou todas as fichas no economista e obreiro Cláudio José, do mesmo PRB. As articulações conduzidas pelo pastor Rafael Cavina, que chegou a anunciar que os dois candidatos tinham apoio de outras denominações evangélicas, como a Quadrangular e a Batista, não deram certo. Alexandre obteve somente 8.014 votos. Cláudio nem teve os votos contabilizados, pois seu registro foi indeferido.
Dos 24 deputados eleitos e/ou reeleitos para a próxima legislatura, somente Rezende representa explicitamente denominação evangélica. A Igreja tem tirado proveito político da situação. Graças às articulações de Rezende consegue doação de áreas para ampliação de seus templos e outras ajudas para ações sociais e projetos de interesse da Assembleia de Deus.