O governo vai ampliar a oferta de remédios contra o vírus da Aids em situações de emergência, como uma espécie de "pílula do dia seguinte", para evitar a propagação da doença.
Um documento com recomendações a profissionais de saúde será lançado nesta segunda-feira (4). Ele prevê a oferta dos medicamentos como prevenção de emergência para pessoas que mantiveram relação sexual sem camisinha com portadores do vírus, profissionais do sexo, usuários de drogas e gays.
Atualmente, os antirretrovirais já são usados nessas situações em hospitais para reduzir o risco de infecção, mas apenas para vítimas de violência sexual ou em caso de acidentes, principalmente entre profissionais de saúde.
Em portadores de HIV, os antirretrovirais impedem a multiplicação do vírus, diminuindo sua quantidade no organismo.
Chamado de Consenso Terapêutico, o texto do governo também traz um capítulo com recomendações para soropositivos que desejam ter filhos. A ideia é esclarecer casais sobre todas as metodologias existentes para reduzir ao máximo o risco de contaminação do bebê e do parceiro, caso ele não tenha o vírus.
O assessor técnico do Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais do Ministério da Saúde, Ronaldo Hallal, comentou o papel do governo de orientar as pessoas.
– É um direito de todos. Se ter filhos é a decisão do casal, cabe ao governo orientar para que esse desejo seja colocado em prática com a maior segurança.
Integrantes de um grupo técnico convocado pelo governo para preparar o documento levaram pelo menos cinco meses para acertar os detalhes finais das recomendações. O debate começou em abril. Ainda assim, Hallal sabe que os temas agora abordados podem provocar polêmica.
– É uma proposta corajosa. Mas é preciso encarar o debate.