Fernando Ordakowski
Serys Marli e Carlos Abicalil passaram a campanha em conflitos e acabaram derrotados para deputada federal e senador, respectivamente
A senadora Serys Marli e o deputado federal Carlos Abicalil "morreram abraçados" nas urnas e ainda provocaram desastre na vida do PT em Mato Grosso. O partido "encolheu". De uma tradição de eleger dois deputados estaduais, só conseguiu assegurar uma vaga, com a reeleição do Ademir Brunetto, o deputado da "direita do PT", como costuma ser classificado pelo partido. Já o deputado estadual Ságuas Moraes se elegeu a uma cadeira na Câmara Federal, com 88.654 votos, mas ficará na "corda bamba".
Há dois complicadores para o lado de Ságuas. Primeiro, se os votos do deputado federal Pedro Henry (PP), algo em torno de 80 mil, forem validados e o progressista entrar para lista dos 8 futuros parlamentares, Ságuas fica de fora. É que Henry teve o registro da candidatura indeferido. Enquanto não sai o julgamento, a cadeira é do petista. Segundo, Ságuas enfrenta dois processos de investigação por suposto crime eleitoral, um na secretaria de Educação do Estado, a qual comandou por mais de dois anos, e outro pela participação em um almoço com eleitores e cabos eleitorais em Nortelândia. Nos dois casos ocorreram procedimentos para abertura de processo.
Serys, que perdeu as prévias dentro do PT para Abicalil, tentou cadeira de deputada federal. Conseguiu 78.543 votos e amargou a condição de suplente. Abicalil concorreu ao Senado e ficou em terceiro lugar, com 533.280 votos. Foi surpreendido pelo pedetista Pedro Taques, eleito para a segunda vaga, enquanto a primeira cadeira ficou com o ex-governador Blairo Maggi. O intrigante é que Serys e Abicalil passaram a campanha em conflitos. Um torcia pelo fracasso do outro. Serys assumiu campanha publicamente pelo segundo voto para Taques. Abicalil, por sua vez, não pediu voto para a colega, mas sim fez uma campanha casada com Ságuas.
A estratégia do presidente regional do PT seria, numa dobradinha com Maggi, se eleger senador, garantir Ságuas na Câmara e ampliar a bancada petista na Assembleia. O tiro saiu pela culatra. O petismo precisa repensar conceitos. O partido já se igualou aos demais e, para piorar, seus líderes brigam entre si. O destino não poderia ser outro, senão a perda de espaço político.