Até o fim de setembro, o Ministério da Saúde vai investir R$ 5,8 milhões para equipar todas as ambulâncias do serviço de emergência, o Samu, com desfibriladores. Atualmente, apenas 300 ambulâncias (20% do total) possuem esse aparelho, mas o do tipo convencional, que precisa ser operado por um médico especialista. Já os novos desfibriladores, que serão instalados nas demais 1.221 ambulâncias, são automáticos. A vantagem deles é poder ser operados por enfermeiros, motoristas socorristas e até mesmo por leigos.
O desfibrilador é usado para salvar pessoas que sofrem uma parada cardíaca. O aparelho emite um choque elétrico, que faz com que o coração volte a funcionar corretamente. Ele é essencial em situações de emergência porque, a cada minuto que um paciente fica sem ser reanimado, ele perde 7% das chances de ser salvo, segundo o cardiologista Enrique Pachon, do Hcor (Hospital do Coração, de São Paulo).
– Depois de 10 minutos, as chances caem 70%. Mas se você identifica imediatamente a arritmia e faz a desfibrilação precoce, as chances de salvar são maiores.
As 300 ambulâncias que já possuem desfibriladores são as unidades de atendimento avançado, conhecidas como UTIs móveis. Elas contam com o aparelho do tipo convencional, que exige a presença de um médico para interpretar o ritmo cardíaco do paciente e decidir se é necessário ou não fazer a reanimação. Além do médico, esses veículos contam com um enfermeiro e um motorista socorrista.
Já as demais 1.221 ambulâncias são as unidades de atendimento básico, que não possuem médicos na equipe. O desfibrilador automático, no entanto, dispensa essa necessidade. Ele é composto por duas pás que são aplicadas sobre a região do tórax do paciente. Quando ligado, ele registra o batimento cardíaco, faz o diagnóstico e orienta o profissional a apertar ou não o “botão de choque”.
Com essa tecnologia, tanto o enfermeiro como o motorista socorrista poderão conduzir esse procedimento. Antes, era preciso chegar a uma UPA (Unidade de Pronto Atendimento) ou então a um hospital para realizar a reanimação, o que desperdiçava tempo e a vida do paciente. Pachon diz que o ganho com essa inovação é muito grande.
– Esses aparelhos têm um índice de confiabilidade alto. Pode ser manipulado por leigos, desde que haja algum treinamento. Apesar de ter demorado um pouco, ele chegou em boa hora e vem cobrir uma lacuna que precisava ser resolvida.
Segundo o coordenador geral de urgências e emergências do Ministério da Saúde, Clésio Mello de Castro, os benefícios para a população serão imediatos.
– Muitas vidas vão se salvar com uma desfibrilação precoce, com o diagnóstico e tratamento mais rápido. De imediato a gente já ganha.
Segundo o ministério, com as 300 UTIs móveis e as 1.221 ambulâncias de atendimento básico, a rede pública de saúde conta com 1.521 ambulâncias de emergência, circulando em 1.286 municípios e atendendo a 106 milhões de brasileiros. Além delas, Castro afirma que o governo também vai equipar com os desfibriladores automáticos as 400 motos de emergências (chamadas “motolâncias”, que atuam em grandes cidades) e as oito lanchas (conhecidas por “ambulanchas”, que atendem regiões ribeirinhas).