Índios aceitam trocar reféns em obra de usina hidrelétrica

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Cerca de 300 índios de pelo menos seis etnias que mantinham reféns pelo menos 100 funcionários de um canteiro de obras da usina hidrelétrica de Dardanelos, em Aripuanã (1.002 km a Noroeste de Cuiabá), desde a manhã de domingo (25), aceitaram trocar todos os reféns por seis engenheiros e gerentes de setor que se ofereceram para ficar no lugar dos trabalhadores braçais, disse a Polícia Militar.

Segundo o capitão Sebastião Taques do Espírito Santo, comandante da Companhia Independente da Polícia Militar de Aripuanã, o clima está tranquilo e a polícia já retirou as viaturas do local. As equipes devem retornar na manhã desta segunda-feira (26).

Segundo o oficial da PM, está prevista para as 11h30 desta segunda uma reunião entre os indígenas e uma comissão, formada por representantes da Fundação Nacional do Índio (Funai) e agentes da Polícia Federal.

De acordo com Antônio Carlos Ferreira de Aquino, coordenador regional da Funai em Juína (MT), a obra da hidrelétrica começou há cerca de três anos. "Houve alguma falha no processo de licenciamento e a usina foi construída sobre um cemitério indígena. Os índios vêm negociando um ressarcimento", diz o coordenador.

Mato Grosso
Usina é construída no noroeste do estado. (Foto: Arte/ G1)

"Queremos indenização pela construção da hidrelétrica. A obra fica a cerca de 30 km da reserva e causou grande impacto social e cultural na comunidade, sem contar os prejuízos ambientais, porque os animais para caça se afastaram", diz ao G1 o líder indígena Aldeci Arara.

Os índios pedem, segundo Aquino, a presença de representantes do Ministério de Minas e Energia, da Secretaria Estadual de Meio Ambiente, do Ministério Público, da Funai, do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) e das empresas responsáveis pela hidrelétrica para negociar a indenização.

Paulo Rogério Novaes, gerente de Meio Ambiente da Águas da Pedra, empresa responsável pelo empreendimento, afirmou ao G1 que a energética aguarda a aprovação de um programa de ações para a comunidade indígena.

"A empresa jamais se negou a fazer algo pela comunidade, mas estamos aguardando um parecer da Funai, que está analisando estudos sobre o que é preciso fazer. O empreendimento, dentro da legislação ambiental, está procurando fazer tudo o que é solicitado", diz.

Segundo Novaes, a previsão é de que a hidrelétrica entre em operação em janeiro de 2011.

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