Depois de uma apresentação tranquila e cordial entre os candidatos ao Paiaguás, no debate realizado neste domingo (25), pela rádio Difusora AM e FM de Cáceres, a segunda rodada esquentou os ânimos e deu início à troca de farpas. Quando tiveram oportunidade de fazer perguntas, uns para os outros, eles procuraram colocar o “dedo na ferida” dos concorrentes.
Com doze perguntas e brecha para cada candidato questionar os adversários e comentar perguntas e respostas feitas pelos outros, o segundo bloco durou mais de uma hora e marcou a tradicional troca de acusações presentes nos debates políticos.
Mauro Mendes (PSB) ressaltou que 70% dos cuiabanos não votam no ex-prefeito da Capital, Wilson Santos (PSDB), que, por sua vez, disparou contra o governo do Estado, comandado pelo candidato à reeleição Silval Barbosa (PMDB), que alfinetou o empresário socialista. Fora dos holofotes, o candidato do PSOL, Marcos Magno, criticou a falta de apresentação de proposta por parte dos três.
A discussão com réplicas e tréplicas ainda rendeu uma série de pedidos de direito de resposta. Após um intervalo de cinco minutos, já previsto na programação do debate, os candidatos responderam, cada um, a uma pergunta feita pelos ouvintes. Contudo, na quarta etapa, quando os questionamentos foram feitos pelos jornalistas participantes, que se aproveitaram das declarações anteriores, o clima esquentou. Com perguntas direcionadas à opinião do candidato ao Senado de sua chapa, Pedro Taques (PDT), Mendes se irritou. Disse que não tinha procuração para falar em nome do ex-procurador da República e que se o fato de pertencerem à mesma coligação significasse ter a mesma linha de pensamento, os adversários, que contam com candidatos respondendo a processos judiciais em suas coligações, deveriam se preocupar.
Aproveitando o momento, Wilson chegou a declarar que alguns candidatos só querem as coisas boas de seus aliados e os abandonam nos momentos ruins, foi quando Mendes vestiu a carapuça e afirmou que tem orgulho de Taques. Mas, a lenha na fogueira mandou fogo para todos os lados. Sob as críticas de que seu governo e de seu antecessor Blairo Maggi (PR) teriam esquecidos a região, Silval jogou a culpa para o prefeito de Cáceres, Túlio Fontes (DEM), cabo eleitoral do tucano. “Não tem como conveniar com que está inadimplente”, explicou o governador, dizendo que Túlio Fontes não deixou o município em condições de receber mais benefícios.
A defesa, desta vez, veio pela voz de um dos jornalistas convidados, Gonzaga Júnior, que, coincidentemente, é assessor do prefeito. Com o direito de formular uma pergunta ao candidato, ele foi enfático ao chamá-lo de mentiroso e a discussão ganhou corpo com a réplica do governador. “Não vou deixar a imprensa me afastar do município”, disse Silval, garantindo que, se reeleito, vai dar continuidade às obras que está fazendo na região.
Além dos ataques, o debate que teve quase quatro horas de duração foi marcado por falas repetidas, que, ao final, trouxeram poucas informações novas a quem ainda não escolheu um candidato.
Magno batia na tecla do pedido da apresentação de propostas e a cada tema levantado, comentava que nunca tinha visto uma ação dos governantes nos últimos 30 anos. Já Mendes, que defende seu sucesso no setor privado como qualidade para a carreira política, ressaltou por diversas vezes a necessidade de uma boa administração do dinheiro público. Ele concorreu a prefeito de Cuiabá em 2008 e perdeu no segundo turno para o tucano Wilson.
Enquanto isso, Wilson e Silval, os únicos candidatos com carreiras políticas estabelecidas, concentraram-se em falar de obras feitas durante suas administrações, bem como pelos gestores de seus arcos de aliança. Há apenas quatro meses como chefe do executivo estadual, o governador não poupou em confundir sua administração à de Maggi nos momentos de exaltação dos feitos positivos e o ex-prefeito de Cuiabá, cada vez que recebeu críticas referentes à sua gestão na Capital, lembrou de prêmios e obras realizadas, fugindo das perguntas.
Nas considerações finais, os três principais candidatos apresentaram um ponto em comum: fizeram um leve apanhado do que pretendem fazer para o desenvolvimento econômico da região Oeste. “Como governador e candidato à reeleição, reafirmo meu compromisso de fazer com que o governo esteja presente e que a região esteja inserida na nossa agenda de desenvolvimento. Sabendo de seu potencial, quero transfomá-lo em oportunidades para todas as pessoas”, destacou Silval.
Em seguida, Wilson não perdeu a oportunidade de alfinetar. “Tem muita obra eleitoreira que só é lançada em época de eleição e não será lançada coisa nenhuma”, disparou. "Uma cidade merece ser tratada com respeito desde o primeiro dia de governo. O atual governador já foi presidente da Assembleia e só agora está lembrando de Cáceres”, concluiu o candidato tucano. Incisivo, Mendes limitou-se a prometer que apoiará os investidores para gerar empregos.